"Senhor, tua Palavra é luz no meu caminho e lâmpada para os meus pés! Creio que por meio da tua Palavra o Universo se formou; Creio que por meio da Tua Palavra a terra se firmou; Creio que Tua Palavra, o Verbo Eterno, se encarnou em nosso meio: Jesus, és a Palavra Viva de Deus Pai, Palavra que permanece viva em nosso meio, e continua a ser inspirada e renovada pelo Santo Espírito. Tudo pode passar, as ervas podem secar, as folhas podem cair, o céu e a terra passar, mas, tua Palavra meu Deus, jamais passará. E enquanto eu viver quero emprestar minha voz a Ti para que continueis falando ao coração dos homens e mulheres deste tempo! Fala-me Senhor, fala em mim Senhor, fala por mim Senhor!"

quinta-feira, 11 de março de 2010

Estudo sobre a Didaché - Parte 1: Introdução.

Estudo sobre a
Didaché:
“O Ensino dos Doze Apóstolos”

I – Introdução
1. Os livros apócrifos. 
Eusébio de Cesaréia, considerado o “Pai da História da Igreja” em sua obra “História Eclesiástica” nos fala que os escritos apócrifos distinguem-se do que a Tradição da Igreja julgou “verdadeiro, genuíno e admitido” ao confirmar o Cânon da Sagrada Escritura no Concilio de Trento e defini-lo como dogma de fé, ou seja, nada dele pode ser tirado ou acrescentado. Eusébio de Cesaréia faz esta menção, principalmente porque contasta que nenhum dos Padres Apostólicos, sucessores diretos dos Apóstolos, mencionou em momento algum tais fontes.
A palavra “apócrifo”, provinda do grego, embora soe mal, significa “inautêntico”, ou ainda “secreto”, “separado”, “excluído”, justamente para diferenciar-se daqueles livros considerados autênticos pela Igreja e que formam a Sagrada Escritura. Porém, se contasta que estes escritos apócrifos são resultado da tradição oral dos primeiros cristãos, e, portanto, tornaram-se documentos importantes que revelam o modo como vivia e pensava grandes parcelas da cristandade nos primeiros séculos em fatos peculiares que não vemos na Sagrada Escritura. É preciso, porém, muita cautela no seu estudo e leitura, pois algumas coisas nestes escritos soam “tanto fantasiosas” e “lendárias”, pois em sua maioria estão revestidas de recursos literários como a analogia, alegoria, fábula e parábolas.
Por sua importância, podemos afirmar sem medo que os escritos apócrifos, embora não reconhecidos oficialmente pela Igreja, fazem parte da grande herança literária da História da Mesma. Sua leitura e estudo devem levar-nos a uma reafirmação do nosso amor pela Palavra de Deus, antes de tudo.
Os escritos apócrifos são mais ou menos 50, que podemos dividi-los em cinco grupos:
·         Textos Judaicos e pseudo-epígrafos (escritos atribuídos a pseudônimos);
·         Os livros da Infância de Jesus;
·         Evangelhos;
·         Epístolas e Documentos;
·         Apocalipses.
O nosso estudo será direcionado para a Didaché, texto do fim do primeiro século atribuído aos apóstolos, presente no quarto grupo “Epístolas e Documentos” dos apócrifos.

2. Sobre a Didaché
A)    Significado, Data, Autor e Origem.
A palavra “Didaché” significa instrução ou doutrina. Trata-se de um documento apócrifo, datado do final do primeiro século de nossa era. O nome nos lembra “Instrução ou ensinamento por parte dos apóstolos” (Cf. At 2,42), porém, é difícil que a obra mesmo atribuída a eles, tenha sido escrita por algum dos apóstolos ou por um autor único; acredita-se que ela seja fruto da reunião de vários textos e tradições orais presentes nas comunidades cristãs do primeiro século. Sua origem provavelmente se deu na Palestina ou Síria.

B)    Catecismo das Primeiras Comunidades
A Didaché constitui uma espécie de “Catecismo dos primeiros cristãos”, e nos permite conhecer as origens do cristianismo, como se dava a iniciação cristã, as celebrações, a organização e a vida das primeiras comunidades, etc. Este ensinamento provavelmente era dirigido a comunidades de convertidos vindos do paganismo, em especial.
Seu conteúdo e estilo nos lembram imediatamente textos do Antigo e Novo Testamento, o que revela um testemunho vivo de como os primeiros cristãos tinha um amor grande pela Sagrada Escritura, dela se alimentando e interpretando os textos bíblicos de acordo com as necessidades e situações das comunidades; em outras palavras, viviam a Palavra de Deus.

C)    Conteúdo
Ao lermos a Didaché identificamos o seguinte:
·         As comunidades cristãs ainda não estão completamente estruturadas;
·         Não há representante oficial fixo; bispos e diáconos são mencionados de passagem e não se identificam bem quais eram as suas funções;
·         Fala-se de “apóstolos, profetas e mestres”, provavelmente pregadores itinerantes a serviço de diversas comunidades;
·         A Liturgia é simples, celebrada em clima doméstico;
·         Os sacramentos mencionados pertencem à Iniciação Cristã (Batismo e Eucaristia) e parecem ser administrados pela comunidade, e não por um membro do clero, ainda inexistente;
·         É visível que a Comunidade vive dentro de uma sociedade pagã, por isso preocupa-se em não se confundir com outras ideologias incompatíveis com o cristianismo;
·         A Comunidade começa a descobrir sua vocação e missão no mundo.

D)    A leitura da Didaché hoje
Além disso, a leitura da Didaché nos faz ver o quanto que a Igreja ganhou com este “pequeno e primeiro catecismo”, e mais do que isto é um convite, para que enquanto Igreja e comunidade que somos, em contínua formação, descubramos nossa origem e jovialidade próprias, que pela ação do Espírito de Deus nunca se apaga ou envelhece.
A Didaché nos faz lembrar que a fonte inspiradora de tudo o que há na Igreja, é sempre a Sagrada Escritura, que ilumina o cristianismo a permanecer como caminho comunitário, penetrado pela Palavra de Deus e pela oração dos cristãos.
Por fim, a Didaché nos estimula a viver a nossa vida no dia a dia da nossa existência à luz do Evangelho vivo, e motiva a comunidade cristã que se reúne em torno da Palavra e da Eucaristia a ser “fermento na massa”, de modo que se expanda para transformar toda a sociedade.
Que ao ler, estudar e rezar a Didaché possamos nós nos deparar com um catecismo redigido pelos primeiros cristãos, que é dirigido a nós, que formamos a Igreja de Cristo no hoje presente.
O presente estudo tem por finalidade analisar toda a obra da Didaché, que no seu conteúdo preenche apenas poucas páginas, no entanto, esperamos no final nos deparar com uma grandessíssima obra: o anúncio de um evangelho vivo e encarnado em nosso meio, projeto não da vontade do homem, e sim projeto da vontade incontrolável de Deus.

"Didaché: Instrução do Senhor para as nações, por meio dos doze apóstolos". O título já nos mostra à primeira vista o caráter deste documento, e a fidelidade que os membros das primeiras comunidades cristãs tinham pela Palavra de Deus, em especial pelo mandato de Jesus: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado”. (Mc 16,15-16)

O catecismo das primeiras comunidades tem 16 capítulos e se divide em quatro partes:
A) Os dois caminhos: Anúncio do Evangelho;
B) Celebração da Vida: Celebração dos Sacramentos;
C) Vida Comunitária: Vivência Fraterna ao redor da Eucaristia;
D) Perseverar até o fim: Esperança no mundo vindouro.

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