"Senhor, tua Palavra é luz no meu caminho e lâmpada para os meus pés! Creio que por meio da tua Palavra o Universo se formou; Creio que por meio da Tua Palavra a terra se firmou; Creio que Tua Palavra, o Verbo Eterno, se encarnou em nosso meio: Jesus, és a Palavra Viva de Deus Pai, Palavra que permanece viva em nosso meio, e continua a ser inspirada e renovada pelo Santo Espírito. Tudo pode passar, as ervas podem secar, as folhas podem cair, o céu e a terra passar, mas, tua Palavra meu Deus, jamais passará. E enquanto eu viver quero emprestar minha voz a Ti para que continueis falando ao coração dos homens e mulheres deste tempo! Fala-me Senhor, fala em mim Senhor, fala por mim Senhor!"

domingo, 27 de dezembro de 2009

Chamados por Deus à Santidade



1. No livro do Levítico 19,2 lemos a vontade de Deus sobre Israel: O desejo de que sejam santos assim, como Ele, o Senhor é Santo. Jesus no Evangelho vai nos convidar a perfeição, que não deixa de ser sinônimo de santidade: “Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está nos céus” (Mt 5,48)
É clara a vontade de Deus sobre as nossas vidas: o desejo do Senhor é que sejamos santos, assim como Ele é Santo! É muito mais do que desejo de Deus para nós, trata-se de uma vocação inata em cada um de nós, ou seja, nascemos já inclinados para a santidade. Paulo vem nos relembrar isso: “Esta é a vontade de Deus: vivei na santidade, afastai-vos da impureza” (I Ts 4,3).
Deus chama a santidade, nós respondemos, não só com a voz, mas com atitudes, pois para sermos santos, é preciso nos afastar de tudo aquilo que não vem de Deus e do que pode nos deixar sujos ou impuros. Por isso, o chamado à santidade traz em si o significado de compreender de maneira nova, de uma maneira ressuscitada, a si mesmo, os outros e as relações humanas; com uma visão livre de malicias e impurezas, com uma visão santa.

2. Não há outro caminho para a comunidade cristã, ou para qualquer que seja que invoca o nome de Jesus, a não ser o caminho da santidade. Neste contexto, a Igreja, desejo de Cristo, família de Deus é chamada a ser santa, ou seja, é chamada a viver como consagrada a Deus inteiramente, e integralmente voltada para Ele e seu Amor.
Sabemos que a Igreja é uma concepção que vai muito além do Templo onde nos reunimos para prestarmos o culto a Deus. A Igreja é constituída de homens e mulheres, que embora, imperfeitos ainda, por conta do mal do pecado, buscam a cada dia a perfeição e a santidade, vivendo tudo aquilo que a Igreja ensina e professa.
A vida na santidade exige, segundo o Apóstolo, que o cristão fuja das relações extra-matrimoniais e que mantenha o seu corpo em santidade (Cf. I Ts 4,3-6). Ora, se nós somos a Igreja, somos Templos do Espírito Santo (Cf.), portanto fugir das ocasiões de pecado e manter o corpo em santidade é preciso para que reflita em nós, Deus que é amor, santidade e perfeição. É deste modo que começamos a trilhar o caminho da santidade, caminho que se fará durante toda a vida, e terminará diante de Deus na eternidade. 
Com esta consciência, o cristão é convidado a descobrir o valor do seu corpo criado por Deus, como seu Templo Vivo e assim é chamado a participar da ressurreição de Jesus Cristo. Fica assim muito claro que Deus nos chamou a sermos santos: “Deus não nos chamou a impureza, mas à santidade” (I Ts 4,7). Ignorar a vontade de Deus é ignorar o Espírito Santo (Cf. I Ts 4,8).

3. Assim como Paulo se dirigiu a comunidade de Tessalônica para que a mesma vivesse em santidade, a Palavra de Deus nos fala hoje no mesmo sentido, ela nos convida a santidade, a nos abrirmos, a nos movermos, a caminharmos para a plenitude de Deus, assumindo de forma encarnada em nossa vida a imagem de sua santidade: “Sermos santos como Ele é Santo”, e testemunharmos com a voz e a vida: Santidade ao Senhor, Igreja!
Pois, segundo a Constituição Lumen Gentium a santidade é vocação da Igreja e de todos os seus membros (Cf. LG 5). Aqui entendemos o porquê de tantos santos e santas que a Igreja venera: A santidade é uma realidade, e não um mito, ou algo que ainda vá acontecer em uma escatologia futura; a santidade é chamado de Deus para hoje, visando o que será a realidade no céu, onde a nossa alegria no Senhor será completa e assim poderemos exultar com os justos ao receber a coroa da glória: “Uma luz já se levanta para os justos, e a alegria, para os retos corações. Homens justos, alegrai-vos no Senhor, celebrai e bendizei seu santo nome!” (Sl 96/97, 11-12).

4. Na parábola das Dez Virgens, encontramos também exigências de santidade. Uma destas exigências arrisco a dizer, a mais importante delas, encontramos da seguinte forma: “Vigiai, pois não sabeis o dia nem a hora” (Mt 25,13). Exigência para a santidade é a Vigilância, a constância na oração e na espera pelo Senhor, pois não sabemos quando e nem como iremos nos encontrar com Ele. Quem quer ser santo, e assim chegar a santidade, se policia, vigia, se prepara, fica atento.
A parábola das virgens é uma alegoria das núpcias de Cristo com a Igreja. Espécie de “Festa de casamento” que se dará na eternidade, onde o noivo é o Cristo Jesus, o Senhor da eternidade e de toda História. As virgens representam as comunidades cristãs que são motivadas a estarem preparadas para o encontro com o Senhor. Nós também, cada um em sua individualidade, podemos nos colocar no lugar das virgens: ou daquelas que estavam preparadas ou das outras que não traziam óleo suficiente em suas lâmpadas.

5. Nas núpcias do Cordeiro participam todos: os bons e os maus (parábola do joio), os sábios e os tolos (Cf. Mt 25,8). Todos, sem exceção, vão ao encontro do Senhor, porém alguns vão ao seu encontro porque são fiéis na vigilância, levam óleo a mais para as suas lâmpadas (Cf. Mt 25,4), outros, porém, vão ao seu encontro na infidelidade, pois não levam óleo suficiente para manterem suas lâmpadas acesas (Cf. Mt 25,3).
As virgens que são prevenidas se identificam com a prática da justiça. E é, pois esta prática, a pratica da justiça que leva à santidade. O óleo vem representar justamente esta prática. Às virgens desprevenidas Jesus, na pessoa do Noivo diz: “Não vos conheço” (Cf. Mt 25,12), as palavras mais terríveis e frias da Escritura, que irão significar uma separação total das suas núpcias, porque estas virgens tiveram a chance de se precaver e não o fizeram, em outras palavras, podiam ter exercido a prática da justiça e assim trilhar o caminho da santidade.
Jesus usa o termo “Não vos conheço”, uma vez que o verbo “conhecer” traz em si um laço de afetividade, carinho e estima; diria mais: traduz intimidade e familiaridade. E mais quem é repelido, é repelido por causa da falta da fé vigilante, que leva o amor e a esperança à morte e impossibilita assim o alcance da santidade.
Portanto, o chamado a santidade, consiste em vigiar pela fé, em preparar-se, estar atento, quem permanece assim, conserva o óleo da justiça, e pratica a mesma, visando a santidade. Conservar o “óleo” para manter as nossas lâmpadas acesas é esperar vigilante e ativamente o encontro com Cristo preparado desde toda eternidade que resultará tão somente em santidade.
Que Ele mesmo, o Noivo, nos conceda a graça de permanecermos fiéis ao seu chamado e vigilantes na fé enquanto esperando e caminhando buscamos a santidade.

Texto escrito para 
a Celebração da Sexta feira da 21ª. Semana Comum
28.08.2009

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Observar a Lei de Deus: Unir o Coração a Ele!

1. Não se vive religião olhando para o passado, mas olhando para frente, embasados na fé na presença de Deus que nos convoca, assim como convocou o Povo de Israel a assumir um estilo de vida diferente do estilo de vida de outros povos, que se apresentou diante destes como um Povo ligado de um modo todo especial ao seu Deus.
Israel tinha essa consciência e conservava em si um orgulho explicito por causa de sua Lei, transmitida pelo próprio Deus; fato que lhes dava a segurança de que esta mesma Lei superava em sabedoria todas as outras leis humanas, de que não precisavam nela nada acrescentar ou tirar, e que pela observância desta Lei, o Povo de Israel, era o Povo separado de Deus, o único existente diante de sua Presença (Cf. Dt 4,1-8).
A Lei, quando bem observada foi motivo de salvação para Israel. Porém, nos momentos de infidelidade e de má observância dos preceitos do Senhor, de sinal de Aliança e liberdade, a Lei se tornava cadeia e sinal de escravidão.
Outro perigo mais grave que podemos identificar aqui é o fato de achar que ao observar a Lei o homem poderia se salvar sozinho. É óbvio que a Lei transmitida por Deus é condição essencial para selar a Aliança proposta por Ele mesmo. A Lei é condição de Salvação. Ser fiel à Lei é ser fiel a Deus, pois esta nasce do seu próprio coração. Neste sentido, esta Lei dada ao Povo de Deus, é prova e resposta do seu amor para com o mesmo.
O Salmista nos confirma esta verdade, enchendo o nosso coração de alegria, ao nos afirmar que quem se submete à Lei de Deus é admitido à sua Presença: “Aquele que morará na Casa do Senhor é aquele que caminha sem pecado e pratica a justiça fielmente” (Cf. Sl 14).

2. Em um contexto parecido, São Tiago vem nos falar de uma religião que se constitui verdadeira como vida no amor: “Com efeito, a religião pura e sem mancha diante de Deus Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo” (Tg 1,27).
Ouso aqui, fazer uma reflexão “um tanto desajustada” desta visão de Tiago, melhor dizendo, fora da ordem natural do texto.
Com a expressão “Não se deixar contaminar pelo mundo”, Tiago vem destacar alguns aspectos que nos fazem lembrar que Deus igualmente nos separou, não da mesma forma como fez com Israel, libertando-o da escravidão do Egito e colocando-o em uma terra preparada para a sua habitação diante de sua Presença; mas, de maneira semelhante em sua gratuidade e bem querer.
Tiago vai nos dizer que é dele, Pai das luzes, em quem não existe mudança, que vem todo dom precioso e toda dádiva perfeita para nós (Cf. Tg 1,17); E ainda nos mostra a nossa eleição por parte de Deus: “De livre vontade ele nos gerou, pela Palavra da Verdade, a fim de sermos como que as primícias de suas criaturas” (Tg 1,18) e vai continuar nos dizendo que é preciso receber a Palavra de Deus com humildade e praticá-la, pois somente ela é capaz de nos salvar (Cf. Tg 1,21b-22).
Ora é a Lei de Deus que é semeada como Palavra de verdade no coração humano. Trata-se aqui da própria Palavra de Deus impressa no coração do homem, que após fixada se torna norma e guia da sua vida. Assim, voltando ao versículo 27, do capítulo 1 da Epistola de Tiago, entendemos que a vivência da Palavra de Deus e a observância de seus preceitos são traduzidas em obras, expressão concreta do amor a Deus pelos irmãos: “assistir aos órfãos, e as viúvas em suas tribulações”.

3. Ainda podemos citar a Palavra de Jesus ligada ao mesmo contexto de religião e Povo separado para Deus, Palavra que é um tanto “arisca” para aqueles que “se dizem” praticantes de uma religião que leva ao encontro de Deus; estamos falando dos fariseus e mestres da Lei.
Jesus é questionado a respeito do costume de lavar as mãos antes das refeições, tradição antiqüíssima dos judeus, prevista inclusive na Lei Mosaica, e de outros costumes judaicos narrados na Sagrada Escritura. É questionado, pois, seus discípulos tomavam as refeições sem antes terem lavado suas mãos. Diante deste fato, Jesus nos fala no Evangelho a cerca de certas tradições, qualificadas por ele mesmo como tradições humanas, inventadas por aqueles que estão longe de Deus, mas se julgam Dele próximos.
Ora, nós entendemos que uma tradição só é válida se a mesma ajudar na observância dos Mandamentos, na vivência da Palavra de Deus, e na partilha do Corpo e Sangue de Cristo. Porém, na narração do Evangelho, Jesus nos mostra que as tradições, de que o evangelista fala, só são válidas para disfarçar a perversidade daqueles que as vivem. Jesus deixa bem claro, por meio de sua Palavra e postura que estas tradições só são válidas se elas se servirem para unir o coração do homem a Deus. Se não forem vistas deste modo, as tradições e certas religiosidades não aproximam de Deus, mas, afastam o homem de sua Presença (Cf. Mc 7,1-8.14-15.21-23), e ameaçam anular o Evangelho.

4. No texto de Marcos, podemos ler no questionamento acerca da atitude dos discípulos, que os mesmos comiam com “mãos impuras” (Cf. Mc 7,2). Jesus responde sabiamente: “O que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior” (Mc 7,15); e continua: “Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo” (Mc 7,21-22).
Diante disto, nos questionamos: “Tais sentimentos, certamente não provêem de Deus, portanto, de onde eles podem vir, senão do coração do homem?”. E mais: “Adianta se disfarçar atrás de tradições e religiosidades, e manter dentro do peito um coração assim?”.
À primeira vista pode parecer que Jesus veio para anular as leis da Constituição Mosaica, mas, ao contrário, Jesus veio para dar um novo sentido e completá-la, e assim condena toda espécie de legalismo, lançando o convite à observância sincera da Lei, pois, o que adianta cumprir escrupulosamente preceitos e estar com o coração cheio de vícios e males?

5. É preciso ter cuidado! O farisaísmo e o formalismo não são somente atitudes do passado e nem exclusividade dos fariseus e mestres da Lei da época de Jesus, mas são tentações que renascem continuamente, entre pessoas e instituições que começam com as mais puras e retas intenções – como nós vemos descaradamente nos meios de comunicação – e até mesmo no Seio da Igreja de Cristo.
O pensamento farisaico bloqueia o espírito missionário da Igreja; traz a Lei não como preceito a ser seguido com sinceridade, mas como norma ou regra a ser imposta violentamente; faz o cristianismo se tornar em algo passivo, legalista, exterior, superficial, preocupado apenas em obedecer às normas estabelecidas, tão somente por coação, com medo de castigos e repreensões, que acabam por desvirtuar a resposta pessoal e responsável ao chamado de Deus.
Em outras palavras, o pensamento farisaico “cria” cristãos que se unem a Deus não pelo temor, mas, pelo medo, impedindo um encontro com Deus que não acontecerá enquanto a liberdade e a intimidade não tomar o lugar do pensamento farisaico imposto.
Farisaico também é o pensamento que encerra nele mesmo a ação de Deus ao longo da história, quando o Criador, o Redentor e o Espírito Santo são reduzidos a meras forças e categorias humanas que qualquer um que se diz sábio possa explicar. A fidelidade, a espiritualidade, a intimidade, a oração, a adoração são entendidos como simples atos exteriores, e não como passos essenciais para se viver de coração, de alma e corpo entregues à vontade de Deus e sua Providência. Deste modo, passo a passo, o que entendemos por espiritualidade vai se tornando algo vazio, estéril e morto.

6. Uma religião não se faz somente de tradições, de doutrinas, dogmas, normas e leis, que o fiel tem que observar cegamente, como por obrigação. Vista somente assim, ela, a religião, deixa de ser acesso a Deus e se torna acesso ao vazio, e ao invés de invocar o Espírito de Deus, ela vai invocar o espírito farisaico.
Claro que este “conjunto” faz parte da religião, e devem sim ser entendidas, observadas e seguidas; No entanto, não na escuridão, mas, na claridade, em viva visão, que leve a obediência com consciência e de coração. Neste ato o cristão tem que entender que ao crer, professar, seguir, observar e obedecer, ele está chegando cada vez mais perto de Deus, porque “ele, o homem, está debaixo de todo este compendio”, não por religião, tradição, obrigação ou qualquer outra coisa. O homem se encontra nesta posição, simplesmente porque ama de todo o Coração o Senhor Deus e tudo aquilo que Ele traz junto de sua Lei. O homem que assim age, de fato, escolheu a boa parte, e purificou o seu Coração no seguimento de Jesus Cristo.
Sem a “purificação do coração” não há observância da Lei de Deus, pois visa esta justamente libertar o homem das paixões e dos vícios para torna-lo capaz de amar a Deus e ao próximo.

7. Somos chamados, todos nós, a sermos profetas, que com a voz e um testemunho vivo de Cristo Ressuscitado, proclamem libertação para a Igreja, para que a mesma não conserve em si um espírito farisaico, mas sim um espírito de fidelidade ao Deus Onipotente, uma fidelidade dinâmica, conquistadora, missionária, que resulte tão somente no encontro pessoal e comunitário com o Salvador.
Aliás, uma verdadeira religião leva a isto: ao Encontro com o Senhor da Vida e da História!


Texto escrito para 
a Celebração do 22o. Domingo do Tempo Comum
30/08/2009

sábado, 16 de maio de 2009

Graça e Pecado - Purgatório, Céu e Inferno.


Vamos refletir a seguir sobre cinco temas que nos parecem diferentes, mas que na verdade estão mais que unidos entre si: Graça, Pecado, Purgatório, Céu e Inferno.
Já podemos dar um passo adiante em nossa reflexão dizendo que dependendo do que se vive e de como se vive o ser humano já direciona o seu caminho rumo ao seu fim último, que dependerá tão somente de suas escolhas. Se viver na Graça de Deus, certamente terá como prêmio o céu, mas, se optar pelo pecado, não se importando ou não lutando contra ele, dificilmente o homem terá como morada definitiva o céu.
Voltando ao que dizíamos em primeiro lugar, vejamos a seguir um pouco a definição de cada uma destas realidades que iremos abordar. Seriam necessárias muitas horas de estudo e muitas páginas para abordarmos amplamente cada um destes temas, no entanto, vamos nos prender no que é essencial em cada um para nós, neste momento de “Catequese”.
Prossigamos.

I – A Graça e o Pecado

1. A Graça
Como citamos acima, seriam necessárias horas e horas, estudos e mais estudos para compreendermos largamente o que significa a “Graça”, visto que o Catecismo da Igreja nos indica ela de diversos modos e em diferentes realidades e momentos da Doutrina, basta olharmos no “Índice Analítico” do Catecismo para percebermos a amplitude do tema.
Nós iremos nos deter na definição e significação da graça e a estudaremos neste momento como Vida Divina.

A) Definição e Significação da Graça
O Catecismo da Igreja nos ensina que a nossa justificação vem da graça de Deus.
Mas, o que é a graça? A graça é o favor, o socorro gratuito que Deus nos dá para responder a seu convite de tornar-nos filhos seus, participantes de sua natureza divina como herdeiros da vida eterna (Cf. CIC 1996).
O Catecismo continua a nos ensinar, dizendo que a graça é participação na vida divina, que ela nos leva a intimidade com o Deus Uno e Trino. E ainda nos diz que por meio do Batismo temos parte na graça de Deus, por meio do Cristo Jesus (Cf. CIC 1997).
Pela graça de Deus, dada gratuitamente a nós, somos chamados à eternidade, portanto, temos vocação à Vida Eterna. Vocação esta que nasce no dia do nosso batismo, onde recebemos da parte do próprio Deus a graça santificante, ou seja, a graça do Cristo Jesus, dom gratuito do Pai, pelo Espírito Santo que vem em nosso auxilio para curar a nossa alma do pecado e para santificá-la (Cf. CIC 1998-1999).
Podemos ainda dizer que quando nós nos encontramos na graça de Deus, longe do pecado, estamos em estado de graça, ou seja, revestidos da graça de Deus, revestidos do Cristo Jesus, revestidos do Espírito Santo. O estado de graça é aquele em que nós compreendemos que somos “novas criaturas”, onde as coisas antigas passam, ficam para trás, e nós nos transfiguramos, ou seja, é como se nascêssemos de novo para Deus (Cf. II Cor 5,17-18).
B) Como recebemos esta graça?
(CIC 694; 1131)
De vários modos, mas, especialmente pelos sacramentos, sobretudo, pelo Sacramento do Batismo. Os Sacramentos são sinais eficazes da graça, nos ensina o Catecismo da Igreja, e por meio deles é doada a nós a vida divina. Cada sacramento tem sua graça própria, e por isso cada um deles tem um rito diferente. Eles produzem numerosos frutos na vida daqueles que se dispõe a recebê-los desde que haja abertura de coração e consciência de que se trata muito mais do que um simples sinal, mas, sobretudo, do derramamento da graça de Deus sobre a vida de quem os recebe.

C) A vida Divina
(CIC 52; 375; 541; 760; 1254; 1279; 1697; 1997)
Já dizemos que a Vida divina chega até nós por meio do Batismo. Pois bem, após o Batismo, a fé deve crescer na vida do batizado, este é o sinal de que ele está progredindo na vida nova recebida de Cristo, é a fonte que determinará a sua vida cristã.
O Batizado é incorporado à vida Divina, ou seja a graça de Deus. Desde o seu batismo, o homem e mulher vivem livres do pecado original, nascem para uma vida nova, se tornam filhos de Deus, membros do Cristo, templos do Espírito Santo, incorporados à Igreja, colaboradores do sacerdócio de Cristo. Portanto, vive uma vida revestida da Graça de Deus.
Somos chamados à comunhão com a vida de Deus, ou melhor, Deus nos comunica a sua vida para com Ele termos comunhão e trilharmos o caminho da santidade, fruto maior da graça de Deus em nossa vida.
É preciso que entendamos que pela graça de Deus nós somos justificados, salvos, e que é esta mesma graça, que irá nos convocar à participação da vida divina e irá nos possibilitar uma vida nova aqui na terra, que já é de algum modo para nós antecipação do céu.

2. O Pecado
Infelizmente, somos pecadores, e o pecado faz parte da nossa realidade humana, e ao nos corromper nos afasta da graça de Deus.
No Catecismo da Igreja, dentre muitas definições do que é o pecado, encontramos as seguintes, (Cf. CIC 1849-1850):
  • Falta contra a razão, a verdade e a consciência reta;
  • Falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa do apego a certos bens;
  • Ofensa à natureza e solidariedade humana;
  • Contraposição à lei de Deus;
  • Ofensa a Deus (Cf. Sl 51,6);
  • Contraposição ao Amor de Deus por nós;
  • Desvio dos nossos corações em relação a Deus;
  • Desobediência;
  • Desprezo de Deus;
  • Desprezo da Salvação;
  • Abuso da Liberdade que Deus nos deu (Cf. CIC 385-387)
Portanto, o pecado é um mal gravíssimo (Cf. CIC 1488), que nos afasta de Deus e nos impede a comunhão com os irmãos, trazendo conseqüências gravíssimas e muitas vezes avassaladoras à nossa vida e a dos nossos irmãos.
Percebemos neste ponto algo delicado: o pecado faz parte da realidade do homem, ele tem de conviver com este estigma durante toda a sua vida. O que fazer? Em primeiro lugar é preciso a consciência e o reconhecimento de que é pecador, limitado e ainda fraco, e sobretudo, pedir que a graça de Deus venha em seu auxilio, e o fortaleça para que lute contra o pecado, para que não se deixe dominar pelos instintos e procurar assim viver ao máximo “debaixo” da graça de Deus.
Ora, certamente todos nós iremos cair diversas vezes durante a nossa vida, por conta do pecado. Mas, nisto consiste a luta diária que travamos: em cair e levantar. É preciso lutar com as armas da fé e da graça, uma luta que será diária, que exigirá o nosso esforço, e sobretudo a participação na Eucaristia, na Confissão regular e na mudança de atitudes. Tudo isto, para que permaneçamos sempre na graça de Deus.

II – O Purgatório, o Céu e o Inferno.

Após refletirmos sobre a Graça de Deus e o pecado, voltemos a um dos primeiros pontos desta nossa reflexão.
O modo como vivemos, nos portamos e nos relacionamos com estas duas realidades, a realidade da graça de Deus e a realidade do pecado em nossas vidas, irá identificar o caminho que nós trilharemos aqui na terra, que antecipará a realidade que viveremos na eternidade.
Certamente todos nós que cremos em Deus, e professamos a fé cristã – no nosso caso à fé católica – queremos morar um dia no céu. No entanto, o fator determinante para isto, friso mais uma vez, está em como vivemos aqui, na nossa relação com Deus e sua graça e no nosso comportamento em relação aos irmãos.
A Igreja nos ensina que a eternidade se dá em três estágios ou realidades distintas que chamamos de Purgatório, Céu e Inferno.

3. O purgatório
(CIC 1030-1032; 1472)
Tendo refletido um pouco sobre o pecado, o Catecismo da Igreja, nos ensina que é preciso admitir que o pecado tem uma dupla conseqüência. Sabemos que o pecado se classifica em pecado grave e pecado venial. Pois bem, o pecado grave nos priva da comunhão com Deus, nos tira do estado de graça, e nos torna incapazes da vida eterna – o que chamamos de “pena eterna” do pecado. Porém, todo pecado, mesmo os menos graves ou veniais, como chamamos, mesmo após ter obtido o devido perdão sobretudo, por meio da Confissão, e também por meio da Eucaristia e Obras de Caridade, acarreta certo apego prejudicial aos homens e mulheres que exige purificação.
Em outras palavras, quando pecamos, abrimos em nós e nos outros, algumas feridas, que são curadas por meio do perdão de Deus confiado ao ministério da Igreja, a ferida se cura, mas permanece a cicatriz, o que chamamos de “pena temporal” do pecado. É necessária a purificação quer seja em vida, por meio das indulgências que a Igreja concede, quer após a morte, no estado em que chamamos de Purgatório.
Estas penas não devem ser interpretadas como “vingança de Deus” porque o desobedecemos e o ofendemos por meio do pecado, mas, devem ser vistas como conseqüências da própria natureza do pecado. Ao conhecer isto, devemos nos motivar à conversão sempre, lembrando-nos de que a misericórdia de Deus é bem maior do que podemos imaginar.
A Igreja vai explicitar isto tudo na Doutrina do Purgatório da seguinte forma: “Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.” (CIC 1030).
Apoiada nesta Doutrina está também a prática de oração pelos defuntos, já prevista no Antigo Testamento (Cf. II Mc 12,46) onde se oferece sufrágios por meio das esmolas, indulgências, obras de penitência e sobretudo pelo sacrifício eucarístico por sua purificação para que cheguem à visão beatífica de Deus, ou seja, o Céu.

4. O céu
(CIC 32; 954-959; 962; 2053; 2796)
Todo aquele que ama os preceitos de Deus, e o segue nesta terra, deseja ardentemente se encontrar face a face com Deus no Céu, e ali viver a Vida Eterna. Pois bem, o céu é antes de tudo uma realidade totalmente distinta desta em que vivemos, sem tempo, nem dias, onde tudo e todos se encontram unicamente em Deus. Deus mesmo é o Céu, podemos afirmar.
O Céu é um tesouro dado por herança a todos nós (Cf. Mt 13,44-46). Para possuí-lo é necessário o seguimento de Jesus, estar atrás de seus passos e compreender que este não é um dom infuso – com o qual já se nasce – mas que têm que ser adquirido, mediante o seguimento do Cristo, como já falamos e também mediante a nossa postura e as nossas escolhas nesta vida.
A realidade do céu, vai muito mais além do que aquilo que a inteligência humana pode pensar, é muito mais do que “olharmos para cima”, ela compreende um dos grandiosos mistérios para a fé e também para a inteligência humana. Professamos segundo a nossa fé que Ele existe, e aguardamos o dia em que nele ingressaremos.
E enquanto este dia não chega, precisamos estar cientes de que a Igreja nos une a tal realidade no sentido de que formamos uma só Igreja no céu e na Terra, em comunhão, manifestada em três estados distintos: A Igreja da Terra formada pelos peregrinos (Militante); A Igreja do Purgatório formada pelos que estão sendo purificados (Padecente); e a Igreja do Céu formada pelos gloriosos (Triunfante). O Catecismo nos ensina que todos nós, independente do grau em que nos encontramos na Igreja, unidos, cantamos o mesmo hino de glória ao nosso Deus, pois todos nós pertencemos a Cristo, temos o seu Espírito e congregamos uma só Igreja, onde unidos declaramos a vitória de Deus e sua glória!
Nesta realidade que se chama Céu, contamos com a intercessão dos santos, em comunhão com eles e com os irmãos falecidos, formando assim uma única família de Deus, reunida diante do seu Trono Eterno.
A vivência do céu, deve portanto começar já aqui na terra, porque somos cidadãos dos céus! (Cf. Lucas 12,31-34; Ef 2,19).

5. O Inferno
(CIC 1033-1037; 1861)
Só pode estar unido a Deus quem faz a opção livre de amá-lo, e quem se volta gravemente contra Ele, contra o próximo ou conta si mesmo não o ama, pois com estas atitudes está pecando. Jesus nos adverte que dele seremos separados se não formos de encontro às necessidades dos pobres e pequenos seus irmãos e nossos também (Cf. I Jo 3,14-15). Portanto, morrer em pecado mortal sem ter-se arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de Deus significa ficar separado de Deus para sempre, por opção livre. É este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus pelo qual se designa a palavra “inferno”.
O inferno é a ausência de Deus, assim como o pecado e o mal.
O inferno existe e é eterno, é o local onde permanecem as almas que morrem em estado de pecado mortal e que se negaram o arrependimento e a misericórdia de Deus. A pena principal do “fogo eterno” é a separação eterna de Deus, o único de onde provém a vida e a felicidade eterna.
Quando a Igreja se pronuncia ou ensina sobre o Inferno, ele não quer fazer uma pregação proselitista do assunto, mas na verdade, está a chamar todos e cada um à responsabilidade com a qual o homem deve usar a sua liberdade em vista do seu destino eterno ou fim último, e também anuncia um apelo insistente à conversão, para que não se perca nenhuma ovelha do rebanho.
Deus de modo algum predestina ninguém ao Inferno, para isto é necessário que voluntariamente o homem se afaste de Deus, tenha aversão dele, e assim persista até o fim. O desejo de Deus é que o homem deseje a vida eterna e não a morte eterna, e Ele faz o possível para que nenhum se perca, no entanto, quem deseja e escolhe não é Deus, mas sim o homem, que tendo em vista o seu fim ultimo, pelos caminhos que trilhar, e pelas opções feitas durante a vida terrena, irá escolher se quer ter como prêmio final a vida eterna e a Visão de Deus, ou a Morte Eterna e a Perdição infinita.

A Nível de conclusão...
Depois de toda esta explanação, não podemos concluir senão de outro modo, afirmando que somos “chamados para a Vida Eterna, constituídos assim como filhos e filhas da Graça” e que Deus em sua Misericórdia Infinita nos livre da Perdição Eterna.


Texto elaborado para a Catequese junto ao grupo de Crisma 
Paróquia Todos os Santos. Embu, 16 de Maio de 2009.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Em tua Presença!

Sem Palavras!
Bela oração em forma de musica!
Quantas e quantas vezes já cantei esta canção em adoração e cada vez foi como a primeira e única vez aos pés do Senhor presente verdadeiramente na Eucaristia!
Ah! Senhor... Sempre quero estar em tua Presença!

Testemunho de vida e apostolado.

Michel, amigo meu, me enviou pelo orkut esses dias um video com a história de uma garota de 14 anos que me chamou muita atenção, e que sem dúvida, serve de exemplo para todos nós. Você que assistir este video perceberá que se trata de um testemunho evangélico e talvez se pergunte porque um seminarista católico postou em seu blog um video de um testemunho evangélico? Respondo: A religião é apenas um detalhe entre nós que temos a mesma esperança no mesmo Salvador. Se as pessoas ao nosso redor, ou até mesmo nós, fossemos como esta moça, não veríamos o nosso mundo como está hoje, e sem dúvida ele seria mais diferente, e Deus teria mais "espaço" na vida de seus filhos e filhas. Vi esta menina, Andressa, como um grande exemplo para mim e para o meu futuro ministério sacerdotal. Que exemplos como este e tantos outros que nós conhecemos e permanecem no anonimato, nos sirvam para que tomemos as atitudes certas, que nos levem a sermos mais e mais de Deus, e fazer com que Ele ganhe um lugar de excelência em nossa vida e na vida daqueles que amamos. Acaso não seria esse o nosso compromisso de batizados?

quarta-feira, 25 de março de 2009

O Sacramento da Penitência.


1. Eu, você, nós: todos somos pecadores!
E se alguém disser que não tem pecado, é mentiroso e faz Deus mentiroso” (Cf. 1 Jo 1, 8)

Parece incrível, mas há gente que não se enxerga!
Não enxerga a terrível realidade do pecado que existe dentro de cada um de nós e em volta de nós. Vemos por aí: tanta injustiça, violência, miséria, fome, corrupção, lares destruídos, menores abandonados. E nos perguntamos: “Tudo isso não é fruto de pecado do egoísmo e da maldade dos homens?”.
Vejamos a nossa vida: quantas vezes nós também somos egoístas e fazemos obras contrárias ao Espírito Santo de Deus; quantas vezes deixamos de amar a Deus sobre todas as coisas, com todo o nosso coração, com todas as nossas forças e com todo o nosso entendimento; quantas vezes usamos mal os dons que Deus nos deu: a liberdade, a fé a capacidade de amar, o sexo, e etc.
Pecado não é só matar e roubar. Pecado é deixar de fazer por querer a vontade de Deus em pensamentos, palavras, atos e, sobretudo, em omissões!

2. O amor de Deus é maior e mais forte que nossos pecados:
Foi Jesus que nos revelou, com sua vida e com suas palavras, a bondade e a misericórdia de Deus Pai. Seu próprio nome, Jesus, quer dizer: “Aquele que vai salvar o seu povo do pecado”, (Cf. Mt 1,21). Ele é: “O médico que veio curar os pecadores e chamá-lo para o arrependimento” (Cf. Lc 5,31-32).
Quem lembra das atitudes de Jesus para com os pecadores?
Jesus era Implacável contra a hipocrisia dos fariseus, que não se enxergavam e se achavam os bons; Ele tinha uma bondade incrível com os pecadores que queriam mudar vida!
Lembram da atitude de Jesus com Zaqueu? (Cf. Lc 19, 1-10); E com aquela mulher apanhada em adultério? (Cf. Jo 8, 3-11); ou com Pedro que o traíra? (Cf. Lc 22, 54-62).
Nos três casos, o Evangelho diz que Jesus somente “olhou para eles.”. Ah, aquele olhar de Jesus: aquele olhar silencioso que penetrava fundo no coração! Aquele olhar amigo, que sabe compreender, que apela, que aponta novos caminhos, que perdoa!
O pecado: o meu, o seu, o nosso pecado, Ele perdoa! Ele é “O Cordeiro de Deus que tira todo o pecado do mundo” (Cf. Jo 1,29).
Toda a vida de Jesus foi para resgatar e perdoar, foi para trazer a Vida novamente ao pecador, e sua morte também. Suas últimas palavras lá na cruz, foram: “Pai perdoa a eles!” (Cf. Lc 23,34). Como nos relata São Paulo, Verdadeiramente “Ele morreu pelos nossos pecados!” (Cf. 1 Cor 15,3).
No dia da ressurreição, ao manifestar-se aos Apóstolos, Jesus lhes deu a paz e, depois, soprou sobre eles, dizendo: “Recebam o Espírito Santo. Os pecados daqueles que vocês perdoarem serão perdoados. Os pecados daqueles que vocês não perdoarem, não serão perdoados” (Cf. Jo 20,21-23).
Nasce assim o Sacramento da Confissão. Um sinal, uma prova do Amor, da Misericórdia e da Vontade que Deus tem sobre nós para que nos libertemos de nossas misérias e cheguemos por meio de sua Misericórdia, Amor e Perdão à Perfeição, à Santidade.

3. O que é mesmo Confissão?
O que, normalmente, o povo cristão e católico chama de "confissão" tem o nome de “Sacramento da Penitência”. “Penitência”, quer dizer “Conversão”, ou melhor: A Penitência leva à Conversão.
Converter-se é sair de uma situação de pecado para um jeito de viver conforme o Espírito de Cristo. A Conversão leva o pecador a dizer: “A vida que eu levo não está certa, eu vou mudar!”.
Celebrar ou participar do Sacramento da Penitência significa e concretiza na vida das pessoas a vontade de mudar, transfigura a conversão. E nisso, Jesus libertador está presente e nos diz como, um dia Ele disse a Zaqueu: “Hoje entrou o perdão e a paz no teu coração!”, da mesma forma Ele fala àqueles que o procuram nesse Sacramento.
E o sinal que pelo poder do Espírito de Cristo, nos reconcilia com Deus e com a Igreja é a Confissão, o Reconhecimento das nossas falhas e pecados.
Sim, quando pecamos, não só nos afastamos de Deus, como também da sua família, que é a Igreja. Sabemos que nem sempre é fácil confessar nossos pecados a um homem, que também é pecador, como todo mundo é. Mas lembremos que para Jesus não foi fácil sofrer e morrer pelos nossos pecados! E acreditemos: a conversão é algo profundamente humano que dá muita paz ao coração de quem a aceita!
Ao meu ver é até muito bom que o padre seja um homem, que também é pecador, como todo mundo: Já pensou se fosse um ser perfeito... Como poderia compreender nossas fraquezas? Sim, é bom ter um amigo cristão, que também luta para ser santo, alguém com quem possamos conversar profundamente e sem medo sobre a nossa vida, alguém que nos compreenda, alguém que possa nos apontar novos caminhos e, sobretudo, que possa (e só ele pode) dizer-nos: Deus, Pai de Misericórdia, que pela Morte e Ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para a Remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. Eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.
Ao dizer estas palavras, o sacerdote estende as mãos sobre nossa cabeça, como sinal de perdão e do abraço de Deus Pai, e, nós respondemos, com o coração puro e cheio de alegria. “Amém”.
Não devemos ter medo de nos “Confessar”, mas sim acreditar no poder e Misericórdia de Deus manifestado neste sacramento. Quantas vezes cairmos, tantas outras Deus estará com sua mão estendida disposto a nos levantar, nos limpar e não apontar o nosso pecado, mas nos amar.
A nossa Igreja é rica em sinais e nos possibilita esse contato com a Misericórdia do Senhor pelo Sacramento da Confissão. É O Espírito Santo de Amor que age na pessoa do Padre que nos Absolve e nos devolve a liberdade de filhos e filhas de Deus.
O Sacramento da Confissão é um encontro de Dois Corações: Um despedaçado e ferido pelo pecado, o outro grande e abundante, desejoso para amar e perdoar; quando os dois se encontram se unem, o coração ferido se cura e se restaura com o desejo de amor e perdão do outro coração e assim alcança mais um passo rumo à santidade.
Creiamos, a Misericórdia de Deus existe e quer nos alcançar! Quantas vezes forem necessárias, procuremos um sacerdote e nos confessemos. A confissão é o Remédio para nossas dificuldades, feridas, pecados e principalmente para as nossas almas.


Texto elaborado para a Catequese com Grupo de Crismandos (24.07.2004)
Paróquia São Pedro Apóstolo, Taboão da Serra.



terça-feira, 24 de março de 2009

Conversão e Misericórdia

Conversão de Santo Agostinho Fra Angélico

Muitas vezes e de diversos modos em nossa história nos deparamos com um grande, intenso e irrecusável convite de Deus para cada um de nós; O Senhor nos convida à Conversão, nos convida a vivermos e bebermos de sua misericórdia que é Infinita, diria SEM LIMITES!
Deus com seu Amor misericordioso nos convida dia após dia a mudarmos de vida, nos convida a deixarmos tudo para trás, a deixar tudo o que nos afasta de sua Misericórdia, nos dando assim a oportunidade para chegarmos à Santidade, à glória eterna.
O Amor e a Misericórdia do Senhor nos convidam constantemente a ouvir a sua Palavra, que traz para nós os meios e os caminhos necessários para a mudança e para o encontro pessoal com Ele.
Na Sagrada Escritura por diversas vezes percebemos Deus que convida o seu povo a ouvi-lo, a endireitar os seus caminhos e a mudarem o seu comportamento, a sua maneira de agir; e ao convida-los a isso, Deus promete morar com em seu meio. Percebemos que Deus convida o povo a uma mudança radical e total, e Ele mesmo nos diz que Vê tudo, que sabe de tudo.
Esse convite que Deus fez ao povo nos tempos biblicos, Ele também faz hoje a cada um de nós. Talvez não estejamos na mesma situação daquele povo, mas nós devemos aproveitar este tempo que vivemos e este momento para nos avaliar, ver como anda o nosso coração e a nossa vida diante da verdade, do nosso modo de agir e proceder, e sobretudo na prática do Amor ao próximo.
Talvez ninguém que leia este texto ou escute esta mensagem esteja oprimindo um órfão, uma viúva, um estrangeiro, ou derramando sangue inocente, roubando, matando, jurando falso, servindo a outros deuses literalmente, ao pé da letra. Mas e as nossas atitudes diante do mundo, como estão? Quantas e quantas vezes não fizemos tudo isso de diversas formas e nos apresentamos depois na casa de Deus querendo a Salvação sem mudar de vida, sem acertar, sem corrigir, sem se arrepender, sem ter buscado uma conversão sincera, profunda e íntima diante de Deus.
A Deus ninguém engana, a Deus ninguém faz de bobo, porque Ele vê e sabe de tudo! Ele podia muito bem nos julgar, nos condenar, nos esquecer, mas não! Ele nos dá a chance, a oportunidade, mil vezes se necessário for, para que possamos viver com Ele e Nele, limpos e imaculados, santos e irrepreensíveis. Deus prefere amar a condenar!
A conversão não se dá da noite para o Dia, mas a Misericórdia de Deus é Presente e Atuante todos os dias.
Não dá para sermos bons e maus ao mesmo tempo, não dá para brincarmos com a Misericórdia do Pai: Pecando hoje e pedindo perdão amanhã e no outro dia voltar no erro conscientemente e pedir perdão de novo e assim por diante.
Temos que nos colocar nos lugares dos semeadores apresentados no Evangelho, ou eu sou o semeador bom, ou eu sou o semeador mau. Claro que Deus prefere que sejamos todos bons, semeadores fiéis de seu Campo, de seu Reino, semeadores da verdade, justiça, paz, semeadores da sua Misericórdia. Mas, pelos nossos erros humanos acabamos sendo também os maus semeadores que semeiam a discórdia, a intriga, o egoísmo, a presunção, a ambição e tantas e tantas outras coisas e sentimentos que certamente não vem de Deus.
Infelizmente, o pecado faz parte da nossa realidade! Somos pecadores, limitados, errantes e precisamos muito da Misericórdia de Deus para acertarmos e caminharmos.
A conversão é um processo para toda a Vida. E é muito difícil não errar, por isso que Deus quer ser o bom semeador na nossa Vida e História. É Ele o grande agricultor e cultivador que lança a Semente da Vida que muitas vezes é misturada a Semente do joio, do pecado e do erro, sinais da nossa fraqueza humana.
Crescemos diante de Deus como trigo e joio, e Ele durante a nossa vida e caminhada vai podando e queimando o nosso joio para que nós possamos ser o seu trigo Santo e assim dar frutos depois de colhido, fazer germinar a vida depositada em nós através de nossos dons e talentos e assim viver a sua Misericórdia de maneira abundante e sensível.
A nossa imperfeição é natural da nossa humanidade, mas nós podemos almejar a perfeição: Basta ouvirmos o convite de Deus para mudarmos e assim vivermos com Ele, claro que isso não vai se dar do dia para noite, mas só vai acontecer a partir do momento em que cada um optar e não só optar, mas viver fielmente essa novidade de vida e esse convite de mudança diária.
Precisamos viver a nossa conversão dia após dia, sermos bons semeadores do Reino, comprometidos com a Misericórdia de Deus e empenhados em construir uma vida nova para nós mesmos e para os outros.
Nos lancemos na Misericórdia do Pai e deixemos que Ele nos conduza no Caminho rumo à Santidade.

Texto escrito para a Celebração do 2o. Dia do Triduo da Festa em honra de Santa Ana (24.07.2004) Paróquia São Bento - Com. Santa Ana.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Fala Senhor!



1. É bom recordar no hoje de nossa história de algo maravilhoso, uma alegria para a nossa vida e a nossa alma. Nos enchemos hoje desta grande alegria, pois Deus quer falar conosco, quer ter dialogar conosco seus filhos e filhas. Aliás, Ele fala a todo o momento com aqueles que se abrem à sua vontade.
Professamos a nossa fé em um Deus que é fiel, misericordioso, que não volta atrás de sua Palavra. Um Deus que não nos abandona, que continua a nos chamar e a se comunicar conosco através dos acontecimentos da nossa vida, desde o menor ao maior, à conversão e a obediência. E tudo que Ele pede em troca de nós, é a nossa sinceridade, a nossa vontade e disposição em estar em sua presença, cumprir a sua vontade e escutar a sua voz.

2. Deus fala conosco! E ele, Deus, nos dá a sua Palavra para nos dirigir, pois nos ama. E além de nos falar por meio dos acontecimentos do dia a dia, Ele também usa de “enviados”, para se comunicar conosco (Cf. II Cr 36,15).
Aqui nos questionamos. Nós ouvimos a voz de Deus ou a desprezamos? Damos atenção ou não àqueles enviados por Deus para nos comunicar a sua fala, a sua Palavra? (Cf. II Cr 36,16s.).
Vamos deixar de lado este questionamento, e continuar a nossa reflexão, procurando na mesma alguma resposta.

3. Deus tem desígnios para todos nós, e para entender os desígnios de Deus é preciso escutá-lo com o coração e com os ouvidos, é assim que Ele nos mostra a sua fidelidade, colocando sua graça, sua vida e seus planos em nossos caminhos. Ele fala, e nós somos convidados a responder. À Fidelidade de Deus, respondemos com nossa fidelidade que deve sempre ser renovada, por meio da nossa fé e escolhas.
Veja só que coisa maravilhosa: Ele, Deus, não falou somente aos personagens bíblicos, e ali parou de “falar”, Ele continua a nos falar! No entanto, como já dizemos, é preciso prestar atenção naquilo que Ele mesmo coloca em nossa vida, e é preciso também saber acolher a Palavra de Deus no hoje da nossa história.

4. Nos lembramos e somos lembrados constantemente de nossa realidade: nós somos pecadores, e como nos diz São Paulo, o pecado nos fez morrer, mas de Deus nós recebemos de novo a vida pelo Cristo Jesus, Salvador e Redentor (Cf. Ef 2, 5).
Outrora, Deus nos falou pelos antigos e pelos profetas, que transmitiram a sua Palavra boca a boca e depois pela Escrita. No entanto, com Jesus, Ele renova o modo de se comunicar com o homem, pois, em Jesus sua Palavra se encarna. Jesus é a Palavra de Deus viva, encarnada, Verbo eterno, que continua a ressoar em nossos ouvidos como doce, suave e ao mesmo tempo forte voz de Deus (Cf. Hb 1,1-2)
Deus falou e fala conosco, quando nos salvou e quando nos recordamos desta salvação que foi movida tão somente pelo seu amor. Ele nos fez ressuscitar com o Cristo Jesus e nos garantiu assim um lugar ao seu lado no céu, como continua a nos falar São Paulo, mostrou-nos a sua graça, e é por essa graça que somos salvos mediante a nossa fé. Portanto, a salvação não depende de nós, ela é dom de Deus, pois vem somente dele! (Cf. Ef 2,6-9).

5. No entanto, a nossa salvação custou um preço, e um preço alto, um preço de Sangue. Para isto, foi necessário que Jesus fosse levado à Cruz, morresse em nosso lugar, derramasse o seu Sangue e é impossível para aquele que crê nisto não ouvir a voz de Deus dizendo diante da Cruz do Cristo: “Foi por você, porque eu te amo com amor eterno!”.
Deus nos ama não com um amor humano, mas, com um amor que é só dele. Encontramos expressão deste Amor de Deus, naquela passagem do Evangelho de João, conhecida por todos nós: “Deus amou tanto o mundo, que deu seu Filho Unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas, tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Não tem como não dizer que o amor de Deus é um amor que Salva, e a expressão deste amor é o Cristo Jesus: Ele veio para nos salvar!
Um pouco mais além neste mesmo capítulo do Evangelho de João, vemos duas coisas importantes. Primeiro, quem crê em Jesus, se aproxima da luz, vive longe das trevas e iluminado pela luz do próprio Cristo deixa transparecer as suas obras. Segundo, sem rodeios Jesus afirma, que quem crê nele está salvo, e quem não crê está condenado!
Não vejo isto de outra maneira, a não ser como voz de Deus a nos falar, que é preciso crer em Jesus e nele ter a vida eterna!

6. Deus continua a falar.
Hoje, num mundo abafado por um secularismo dilacerante de valores e ideologias anti-cristãs, Deus não parou de falar, embora, vivamos em uma realidade de uma sociedade que não se intitula mais cristã, que se diz laica, e assim quer calar a voz de Deus. Porém, trata-se de uma tentativa frustrada de calar a voz do Criador, pois Ele continua a falar nas comunidades cristãs, às vezes pequenas, que se reúnem em seu nome e são chamadas a ser profetas da diferença, e mais do que isso, são chamadas a ser voz de Deus em um mundo tão corrompido pelo egoísmo e por tantos valores distorcidos que tiram o olhar do homem do Cristo Jesus e seus ouvidos da Voz de Deus, inserindo os homens e mulheres de hoje não em um caminho para a vida, mas em uma cultura cruel de morte.
Nós ligamos nossos televisores, e só vemos tragédias de ordem natural e tantas outras provocadas pelos homens. Vemos choro, ranger de dentes, ódio, violência, falta de amor, caridade e perdão, polêmicas acerca de valores que nós cristãos somos convocados a conservar como a questão do sexo somente após o casamento e de nunca consentirmos que o aborto seja realizado em qualquer hipótese; e ainda somos obrigados a engolir dizeres que falam que a Igreja não tem caridade ou é injusta ao defender estas coisas, que vivemos no passado e que enquanto Igreja não podemos interferir na vida e nas escolhas das pessoas.

7. Deus saiu de cena? Está ausente? Onde Ele anda?
A impressão que temos é de que Deus nos abandonou. Porém, a verdade é que Ele está mais próximo do que nós imaginamos, mesmo diante desta realidade perversa que nos circunda. Ele está presente e age poderosamente levantando homens e mulheres de coragem e de fé, que se empenham em fazer com que a sua voz permaneça viva nas mentes e nos corações.
Nós, em nossa geração atual, tivemos a oportunidade de testemunhar a vida e obra de dois gigantes, só para citarmos exemplos desta intervenção de Deus.
O primeiro, João Paulo II, o Papa da Paz, que fez tudo que pôde para reunir aqueles que crêem em Deus e em seu Filho Jesus pelos laços que nos faz ser um único Povo criado por um único Deus. Quando faleceu e parecia que tinha fracassado, o impensável aconteceu, praticamente todas as nações e religiões se reuniram em torno de seu corpo sem vida em Roma, para celebrar a vida de um homem que viveu para proclamar a paz de Deus e a unidade por Ele tão querida. Ao meu ver, este momento foi uma epifania, ou até mesmo uma profecia, daquilo que irá acontecer nos próximos tempos, isto se o homem abrir verdadeiramente sua vida à voz de Deus, e não tentar muda-la, moldando-a às suas próprias convicções.
Lembramos também de Madre Teresa de Calcutá, que diante da pobreza e da morte literalmente falando na Índia, fez a diferença e lançou-se em uma obra sem precedentes, sem estrutura, desacreditada por muitos e que tem colhido muitos frutos para o Reino, para a surpresa de todos.
Quem pode dizer que João Paulo II, Madre Teresa e tantos outros não foram verdadeiramente voz de Deus na humanidade?

8. Podemos citar aqui ainda, o Papa Bento XVI, que com coragem e certamente impulsionado pelo Espírito, em pleno século XXI, diante de tanta polêmica acerca do aborto e da aids, em visita à África neste ano de 2009, denunciou e condenou à viva voz o uso da camisinha, dizendo que ela não é solução, mas, parte do problema no caso da aids no país, e ainda condenando veemente o aborto, defendendo o direito a vida antes de tudo. Aqui, eu me pergunto: “Não seria esta uma das formas da voz de Deus ecoar em nossos ouvidos hoje?”.
A resposta da sociedade para esta posição do Papa foi imediata: “O papa é cruel, o papa não tem caridade, ele é desumano”. Isso porque uma sociedade “laica” acha, porque não acredita, somente acha, que as coisas se resolvem assim facilmente, e não se dá conta de que uma camisinha não é suficiente para impedir a contaminação pela aids e que “legalizando o aborto” só se resolve um “problema de percurso”, esquecendo-se que esta “solução” é responsável por milhares e milhares de milhares de assassinatos “legais” em todo o mundo, porque simplesmente é um direito da mulher decidir se quer ou não prejudicar o seu corpo, trazendo nele um novo ser. Não seria de Deus o direito de decidir sobre a vida? E o que é pior ainda, muitos que se dizem católicos são a favor do aborto, mas, isto é pauta para outra reflexão.

9. Pois bem, voltamos ao questionamento primeiro desta reflexão. Ouvimos a voz dos “enviados” de Deus, como voz de Deus mesmo ou as desprezamos? Deus nos fala de diversas maneiras: na Igreja, na Palavra, na Eucaristia, e por meio dos seus representantes, nossos lideres espirituais, nossos pais, nossos superiores. Estes são, nós querendo ou não, os enviados de Deus, a quem Ele “empresta a sua voz” para conosco dialogar. Será que se quisermos viver debaixo da vontade de Deus, não deveríamos dar atenção à sua voz por meio destes? Deste modo – ouvindo – a nossa fé se torna mais madura, responsável e consciente em relação a todas estas questões.
Porém, temos que ser francos e afirmar que a realidade do homem em relação à escuta é diferente desta exposta aqui.

10. A realidade é que o homem de hoje, mal ouve a voz do seu semelhante, e por isso, não se interessa pela voz de Deus, e quando Deus quer falar, abafa a voz do Criador, a distorce, faz com que a sua própria voz esteja acima da voz de Deus. E ai, acontece o que acompanhamos dia após dia em nossas vidas: Deus vai perdendo pouco a pouco o seu lugar na vida e na história da humanidade.
No entanto, Deus nos surpreende. Mesmo diante desta realidade tão triste, Ele continua a amar não só aqueles que seguem a sua voz, mas também àqueles que fogem ou se escondem dela. Deus nos ama como somente Ele pode amar, e por esse amor quer falar conosco, ter contato, intimidade. Ele nos busca. Muitas vezes nos escondemos ou fugimos, mas, Deus não se cansa de nos procurar, pois Ele quer estar perto de nós.
Temos um Deus próximo de nós, e Ele quer ouvir a nossa voz lhe dizer: Fala Senhor! Com os ouvidos e o coração disposto, deixemos Deus falar em nossas vidas, deixemos-o ser Rei e Centro de nossos corações. E nos alegremos, pois Ele vive e está no meio de nós, e continua a nos falar, nos convocando a sermos porta-voz do seu Reino e do seu Plano de Amor.
Ele é a nossa única esperança!
Fala Senhor! Precisamos ouvir sua voz!

Texto escrito para a Celebração do 4o. Domingo da Quaresma (22.03.2009 - Ano B)
Paróquia Todos os Santos - Com. Santa Emília

sábado, 21 de março de 2009

A Misericórdia de Deus apaga as nossas faltas e nos leva à plenitude da Vida.


Ao ler o trecho de Ezequiel 18, 21-28, percebemos que Deus é puramente misericórdia, perdão e amor. “Se o ímpio se arrepender de todos os pecados cometidos, guardar todas as minhas leis e fizer o que é direito e justo, viverá com certeza e não morrerá” (v. 21).
A vida de Deus em nós se manifesta justamente nos nossos atos, e principalmente na nossa adesão a Ele, quando nós saímos das nossas fraquezas, ou melhor, as reconhecemos, e voltamos o nosso Coração a Ele. Se arrepender dos pecados, é ressuscitar o coração e caminhar no caminho justo de Deus.
A Misericórdia de Deus apaga as nossas faltas e nos leva a plenitude de vida.
Quando nos arrependemos das nossas faltas, Deus esquece o mal cometido, pois, Ele deseja em primeiro lugar a vida de todos os seus filho e não a morte. Porém, devemos sempre observar aquilo que Deus quer de nós, nos esforçarmos para vencermos as nossas limitações, o pecado e os atos maus que muitas vezes somos influenciados a cometer.
Se mantivermos a nossa vida na infidelidade a Deus, não poderemos viver a vida de Deus, mas acabaremos comprando a nossa morte por tais atos. Afinal, Deus é sempre fiel, quem é infiel e injusto, é sempre o homem, que muitas vezes não se abre a graça e ao Amor de Deus.
Para conservar a vida, precisamos sim nos arrepender e caminhar na integridade. Todos nós precisamos nos lembrar diariamente disso, procurar os meios necessários, para fazer a devida manutenção da nossa vida em Deus, para que não morramos e sim vivamos. Por isso, é necessário participar das Missas, momentos celebrativos que a Igreja nos oferece, e, sobretudo nos encontrarmos com a Misericórdia de Deus no Sacramento da Penitência, confessando humildemente os nossos pecados, pois foi, para ganharmos a salvação e caminharmos rumo à Vida eterna que Deus nos deu esse presente.
São Pio de Pieltrecina já dizia que no confessionário se entra morto e sai ressuscitado. O pecado é morte, é ausência de Deus, e para aqueles que são Filhos de Deus, ouvem a sua mensagem e procuram viver segundo aquilo que Deus diz, não se pode permanecer nas trevas do pecado, mas sim, no caminho da justiça e no reconhecimento das próprias faltas.
E é por isso que Jesus nos adverte no Evangelho que devemos ter condutas favoráveis que nos levem a viver a justiça, e não qualquer justiça, mas uma justiça integra e são que reflita em nós a necessidade diária de reconciliação com Deus e com os irmãos. (Cf. Mateus 5, 20-26).
Temos que ter claro nas nossas mentes e corações que seremos julgados conforme aquilo que fizermos nesta vida. Por isso, que ao oferecer a nossa vida e tudo aquilo que somos no altar de Deus, precisamos antes, compreender o amor e nos reconciliar conosco, com Deus e com os nossos irmãos.
Assim, colocamos não só a nossa vida no altar, mas o desejo de viver a Vida de Deus e a sua Misericórdia, e também a vida daqueles, que podem ter sido feridos pela nossa conduta. Dessa maneira, por meio da reconciliação e reconhecimento de que somos falhos, chegaremos ao céu, e seremos dignos de oferecer a nossa vida no Altar de Deus, para que se manifeste em nós o seu amor, e assim estarmos prontos para continuar seguindo no caminho de justiça.
Lembremos sempre das palavras de João que nos diz que só é possível amar a Deus se amarmos também os nossos irmãos, pois só quem ama chega ao conhecimento de Deus. (Cf. I João 4, 7-21). É o Amor que nos leva ao perdão, é o Amor que nos traz a consumação da Salvação!.


Texto escrito para a Celebração da  Sexta Feira da 1ª. Semana da Quaresma (02/03/07)
Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora - Com. N. Sra. Aparecida.

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