"Senhor, tua Palavra é luz no meu caminho e lâmpada para os meus pés! Creio que por meio da tua Palavra o Universo se formou; Creio que por meio da Tua Palavra a terra se firmou; Creio que Tua Palavra, o Verbo Eterno, se encarnou em nosso meio: Jesus, és a Palavra Viva de Deus Pai, Palavra que permanece viva em nosso meio, e continua a ser inspirada e renovada pelo Santo Espírito. Tudo pode passar, as ervas podem secar, as folhas podem cair, o céu e a terra passar, mas, tua Palavra meu Deus, jamais passará. E enquanto eu viver quero emprestar minha voz a Ti para que continueis falando ao coração dos homens e mulheres deste tempo! Fala-me Senhor, fala em mim Senhor, fala por mim Senhor!"

segunda-feira, 16 de março de 2009

Mandamentos: Caminho de Liberdade!


1. “Eu sou o Senhor teu Deus que te tirou do Egito, da casa da escravidão” (Ex 20,1-17).
O nosso Deus é um Deus libertador. O único Deus que podemos ter e o único também que tem o poder de nos libertar (Cf. Ex 20,3-5). Aquele que é misericordioso com os que o amam e seguem os seus preceitos (Cf. Ex 20,6). Estamos falando de um Deus que quer ver seus filhos e filhas livres ao seguirem a sua lei, lei que Ele nos dá em forma de mandamentos.
Talvez nos pareça estranho, um Deus que se diz libertador, nos querer livres ao mesmo tempo em que nos impõe mandamentos. Mas, de fato, com os mandamentos, expressão de sua lei, ele nos leva a sermos verdadeiramente livres, desapegados de nossas paixões e vícios, se cumprirmos fielmente àquilo que Ele nos indica.

2. O livro do Êxodo nos apresenta os “Dez Mandamentos” (Cf. Ex 20.7-17), que nós bem conhecemos ou deveríamos conhecer, uma vez que os aprendemos na fase da catequese preparatória para a primeira comunhão.
Eles são preceitos de Deus, que devem ser guardados por toda a nossa vida.
Vamos então, relembrar resumidamente a nossa catequese sobre os “Dez Mandamentos”?

3. Os Dez Mandamentos da Lei de Deus
• Primeiro Mandamento: AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS!
O mandamento nos recomenda a Amá-lo de fato sobre todas as coisas, ou seja, não trocar Deus por qualquer artigo de luxo que se apresente à nossa frente! Quem ama a Deus, o ama de todo coração, de toda alma e de todo entendimento.
• Segundo Mandamento: NÃO TOMAR SEU SANTO NOME EM VÃO!
O nome de Deus é Santo, e quantas vezes nos esquecemos disso? É preciso pronunciá-lo com docilidade, com respeito, com reverência e adoração.
• Terceiro Mandamento: GUARDAR DOMINGOS E FESTAS DE GUARDA!
Infelizmente qualquer coisa que se julgue suficiente e mais importante que a Missa, nos impede de ir à Igreja. O mandamento nos motiva a ter zelo pela casa e pelas maravilhas de Deus atualizadas no que a Liturgia celebra hoje.
• Quarto Mandamento: HONRAR PAI E MÃE!
Feliz é aquele que vê em seus pais o reflexo do próprio Deus, por isso os filhos são chamados a honrar os seus pais, e vem acompanhado de uma promessa que vemos na carta de São Paulo aos Efésios, capítulo 1, versículos 6 em diante que “Aqueles que honram seus pais, terão vida longa sobre a terra”; porém, quantos ainda os maltratam, os jogam em asilos frios, não os valorizam e até mesmo tiram a vida de seus pais como vemos nos meios de comunicação. O quarto mandamento da lei de Deus torna-se hoje um grito de denúncia e de apelo para que a sociedade veja a família mais uma vez como “Presença de Deus no mundo” e não como sinal de exclusão e de morte.
• Quinto Mandamento: NÃO MATAR!
A vida é o dom mais precioso de Deus, e só cabe a este dá-la ou ceifá-la. No entanto, não se mata somente tirando a vida do próximo, se mata também por meio de calúnias, mentiras e fofocas. Se minha boca não é capaz de amar ou honrar o irmão, que ela se cale!
• Sexto Mandamento: NÃO PECAR CONTRA A CASTIDADE!
Nosso corpo é templo do Espírito Santo de Deus, portanto, é chamado a ser puro e santo. Quem o conserva assim? Eu! Logo, sou chamado a evitar o máximo às tentações da carne, para que eu me sinta verdadeiramente livre e não prisioneiro do próprio corpo.
• Sétimo Mandamento: NÃO FURTAR!
O que dignifica o homem é o trabalho, e Deus certamente o abençoa com os bens diante de seu esforço. Será justo roubar o fruto do trabalho de alguém?
• Oitavo Mandamento: NÃO LEVANTAR FALSO TESTEMUNHO!
Toda e qualquer pessoa tem o direito de gozar de sua boa fama. De novo, dizemos: se não consigo honrar alguém com minhas palavras, que eu me cale, e não o fira com mentiras e falsidades!
• Nono Mandamento: NÃO DESEJAR A MULHER DO PRÓXIMO, OU O HOMEM DA PRÓXIMA!
O mandamento convida àqueles que pretendem unir-se em matrimônio a guardar a castidade, e, sobretudo, a respeitar aquele ou aquela com quem vão viver. Isto se chama respeito, se chama amor, e não qualquer amor, mais o amor de Deus que uniu ou irá unir duas pessoas.
• Décimo Mandamento: NÃO COBIÇAR AS COISAS ALHEIAS!
O último mandamento vai nos alertar sobre a inveja, um verdadeiro câncer presente na história da humanidade, que nos leva a cobiçar ou desejar o que é do outro, levando até a morte muito facilmente, uma vez que a inveja leva o homem a querer até mesmo estar no lugar do outro, ou pior, ser o outro.

4. Depois deste olhar catequético sobre os mandamentos da Lei de Deus, podemos agora vê-los da seguinte forma: Eles são “leis”, e a lei aqui, sendo de Deus, é sinal da Aliança dele com a humanidade, e que é fundamental na Salvação do gênero humano. Os mandamentos são intervenção de Deus na vida do homem para que ele olhe para a sua vida e se renda a Salvação oferecida por Deus. Mais do que isso, os Mandamentos são Palavra de Deus que cobre todo o campo religioso e moral da vida de alguém, tornando-se assim para o homem que neles crê e os cumpre caminho pleno de liberdade.
Deus Pai ao nos dar os mandamentos age como o “Divino Legislador” e nos dá a lei não como obrigação, mas como dom da sua vontade! “A lei é mais do que uma imposição, ela é um dom!” Ou seja, a lei é Palavra de Deus que espera resposta, é fonte de bênção para quem é fiel a ela, é preço de resgate da escravidão, é meio de crescimento, é caminho da comunhão com Deus.

5. Certamente Deus não queria a sua lei cheia de formalidades e preceitos a serem cumpridos por meio de normas e ritos e mais blá-blá-blás, que levasse o homem tão somente a exterioridades. Ele quis uma lei que tivesse por base o amor, que fosse interior, ou seja, estivesse presente no coração do homem e o levasse a ter um diálogo de amor sincero com o seu Criador.
Neste ponto aparece Jesus como “um novo legislador”, que não muda uma vírgula da lei de Deus e daquilo que o povo viveu seguindo esta lei, mas dá a ela um novo sentido, o sentido que Deus o quis primeiro.
O Cristo Jesus que se revela pela sua cruz como poder e sabedoria de Deus (Cf. I Cor 1,22-25), resume toda a lei do Pai de dez para dois mandamentos, e usa como base aquilo que Ele pregou durante toda a sua vida, o Amor – desejo de Deus para o cumprimento de sua lei por parte de seus filhos e filhas.
Como nos ensina o Evangelho e o Catecismo da Igreja, Cristo resume os dez mandamentos da seguinte forma: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento (1º, 2º e 3º Mandamentos); Amarás o próximo como a ti mesmo (4º, 5º, 6º, 7º, 8º, 9º e 10º Mandamentos)” (Cf. Mt 22,38-39).
Podemos nos perguntar: Porque Jesus faz isto? Porque Ele assim como o Pai nos quer livres!
Para o Filho de Deus o que importa é a liberdade e não a lei por si mesma. Liberdade que vai levar àqueles que ouvem a lei e a guardam em seu coração ao serviço do Reino, a tornar-se como Jesus, um “Servo por amor” e não “servo por causa da letra”.

6. Com isto, entendemos que os mandamentos nos ensinam, sobretudo, a fidelidade de Deus! Deus é fiel, o homem nem tanto! A nossa fé e fidelidade exigem de nós coragem. Quem ama os mandamentos ou a lei de Deus, ama a Deus e as coisas de Deus, busca e quer beber da sua fidelidade, vai ao seu encontro, sobretudo em sua casa, a Igreja “Templo”, lugar de encontro.
Diante disto, o zelo pela casa de Deus nos consome? Temos a mesma coragem de Jesus, ou deixamos com que os vendilhões e aqueles que não respeitam a Deus e os seus mandamentos habitem em sua casa? Como nos posicionamos: somos vendilhões ou amantes da casa de Deus? (Cf. Jo 2,13-17)
Afirmo mais uma vez: A nossa fé exige coragem! Coragem para romper com tudo aquilo que nos afasta da Lei e do Amor de Deus.
Hoje, ao celebrarmos a Eucaristia, (na casa de Deus, diga-se de passagem) vemos sob a aparência do pão e do vinho, a atualização dos Dez Mandamentos, no Corpo e no Sangue do Senhor Jesus. Isto acontece porque Deus é fiel em sua Palavra e jamais volta atrás em suas promessas.

7. E nós, mesmo diante desta realidade grandiosa e maravilhosa, tantas vezes nos portamos como “farisaicos” com as leis de Deus, pois a Missa se reduz a uma visita apressada; as peregrinações aos lugares santos e de testemunho da fé tornam-se passeios turísticos; fazemos atos de caridade e nos propomos a nos converter apenas uma vez por ano, por ocasião da Quaresma; confessamo-nos quando aparece um tempo, e por ai vai. Perdeu-se em meio a esta loucura que vivemos no século XXI, o amor e o temor pela Lei de Deus.
É preciso que nos lembremos que nós iremos ser julgados conforme a Lei do Amor, que é o Mandamento de Cristo, nosso Salvador. O “medidor” do nosso julgamento diante de Deus, naquele dia feliz que o iremos encontrar face a face, será o quanto nós amamos suas leis e sua Palavra.

8. Portanto, é tempo de abrir os ouvidos ao chamado de Cristo, que nos comunica a Lei de Deus resumida na lei do seu Amor. A lei humana tem um inicio e tem um fim; a lei de Deus não! A Lei de Deus é regida pelo amor e para o amor não existe um “basta”, não existe limites, ele é sem fim!
Confortados pela misericórdia de Deus nos lembremos sempre de que “A Lei do Senhor Deus é perfeita, um conforto para a alma, palavras de Vida eterna, testemunho fiel, sabedoria dos humildes, precisa, alegria ao coração, brilhante, para os olhos luz, pura, imutável, correta, justa, desejável, palavra mais doce que o mel” (Cf. Sl 18,8-11).
Se quisermos ser verdadeiramente livres, somente a “Lei do Senhor” nos libertará!

Testo escrito para a Celebração do 3º. Domingo da Quaresma (15.03.2009 – Ano B)
Paróquia Todos os Santos (Com. Senhor Bom Jesus)

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