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terça-feira, 30 de março de 2010
Cada coisa...
Esta distinta senhora tem o seguinte pensamento: Maria não concebeu do Espírito Santo, teve na verdade um filho de José que mais tarde foi escolhido por Deus para ser um revolucionário!
Cada coisa... Sem comentários! Quando oportuno escreverei sobre este video e esta situação toda; enquanto isso avaliem vocês a situação!
Em Cristo sempre, Rodox.
sábado, 27 de março de 2010
João 3,16
Na cidade de São Paulo, numa noite fria e escura de inverno, próximo a uma esquina por onde passavam várias pessoas, um garotinho vendia balas a fim de conseguir alguns trocados. Mas o frio estava intenso e as pessoas já não paravam mais quando ele as chamava.
Sem conseguir vender mais nenhuma bala, ele sentou na escada em frente a uma loja e ficou observando o movimento das pessoas. Sem que ele percebesse, um policial se aproximou. "Está perdido, filho?". O garoto meneou a cabeça.
"Só estou pensando onde vou passar a noite hoje... Normalmente durmo em minha caixa de papelão, perto do correio, mas hoje o frio está terrível... O senhor sabe me dizer se há algum lugar onde eu possa passar esta noite?"
O policial mirou-o por uns instantes e coçou a cabeça, pensativo. "Se você descer por esta rua", disse ele apontando o polegar na direção de uma rua, à esquerda, "lá embaixo vai encontrar um casarão branco; chegando lá, bata na porta e quando atenderem apenas diga 'João 3,16'.
Assim fez o garoto. Desceu a rua estreita e quando chegou em frente ao casarão branco, subiu os degraus da escada e bateu na porta. Quem atendeu foi uma mulher idosa, de feição bondosa. "João 3,16", disse ele, sem entender direito. "Entre, meu filho". A voz era meiga e agradável.
Assim que ele entrou, foi conduzido por ela até a cozinha onde havia uma cadeira
de balanço antiga, bem ao lado de um velho fogão de lenha acesso. "Sente-se, filho, e espere um instantinho, tá?" O garoto se sentou e, enquanto observava a velha e
bondosa mulher se afastar, pensou consigo mesmo: "João 3,16... Eu não entendo o que
isso significa, mas sei que aquece a um garoto com frio".
de balanço antiga, bem ao lado de um velho fogão de lenha acesso. "Sente-se, filho, e espere um instantinho, tá?" O garoto se sentou e, enquanto observava a velha e
bondosa mulher se afastar, pensou consigo mesmo: "João 3,16... Eu não entendo o que
isso significa, mas sei que aquece a um garoto com frio".
Pouco tempo depois a mulher voltou. "Você está com fome?", perguntou ela. "Estou um pouquinho, sim... há dois dias não como nada e meu estômago já começa a roncar..." A mulher então o levou até a sala de jantar, onde havia uma mesa repleta de comida. Rapidamente o garoto sentou-se à mesa e começou a comer; comeu de tudo, até não agüentar mais. Então ele pensou consigo mesmo: "João 3,16... Eu não entendo o que isso significa, mas sei que mata a fome de um garoto faminto".
Depois a bondosa senhora o levou ao andar superior, onde se encontrava um quartinho com uma banheira cheia de água quente. O garoto só esperou que a mulher se afastasse e então rapidamente se despiu e tomou um belo banho, como há muito tempo não fazia.
Enquanto esfregava a bucha pelo corpo pensou consigo mesmo: "João 3,16... Eu não entendo o que isso significa, mas sei que torna limpo um garoto que há muito tempo estava sujo".
Cerca de meia hora depois a velha e bondosa mulher voltou e levou o garoto até um quarto onde havia uma cama de madeira, antiga, mas grande e confortável. Ela o abraçou, deu-lhe um beijo na testa e, após deitá-lo na cama, desligou a luz e saiu. Ele se virou para o canto e ficou imóvel, observando a garoa que caía do outro lado do vidro da janela. E ali, confortável como nunca, ele pensou consigo mesmo: "João 3,16... Eu não entendo o que isso significa, mas sei que dá repouso a um garoto cansado".
No outro dia, de manhã, a bondosa senhora preparou uma bela e farta mesa e o convidou para o café da manhã. Quando o garoto terminou de comer, ela o levou até a cadeira de balanço, próximo ao fogão de lenha. Depois seguiu até uma prateleira e apanhou um livro grande, de capa escura. Era uma Bíblia.
Ela voltou, sentou-se numa outra cadeira, próximo ao garoto e olhou dentro dos olhos dele, de maneira doce e amigável. "Você entende João 3,16, filho?". "Não, senhora... eu não entendo... A primeira vez que ouvi isso foi ontem à noite... um policial que falou...".
Ela concordou com a cabeça, abriu a Bíblia em João 3,16 e começou a explicar sobre Jesus. E ali, aquecido junto ao velho fogão de lenha, o garoto entregou o coração e a vida a Jesus. E enquanto lágrimas de felicidade deixavam seus olhos e rolavam face à baixo, ele pensou consigo mesmo: "João 3,16... ainda não entendo muito bem o que isso significa, mas
agora sei que isso faz um garoto perdido se sentir realmente seguro".
agora sei que isso faz um garoto perdido se sentir realmente seguro".
Disse a Senhora: “Eu tenho de confessar uma coisa, eu também não entendo como Deus pôde mandar Seu Filho para morrer por nós e também não entendo como Jesus concordou com tal coisa. Eu não compreendo a agonia do Pai e de todos os anjos no Céu enquanto viam Jesus sofrer e morrer por nós. Eu não entendo esse imenso amor que Jesus teve por nós, ao ponto de ser crucificado na cruz. Eu não entendo muito bem, mas estou certa que isso faz a vida valer a pena!!!”
Pois Deus amou o mundo de tal maneira,
que deu Seu único Filho
para que todo aquele que nele crê,
não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3,16).
(Desconheço o autor)
sexta-feira, 26 de março de 2010
sexta-feira, 19 de março de 2010
Aprendendo a perdoar.
Mesmo quando estamos ressentidos,
cheios de raiva e vingança, o Pai continua a nos amar.
Todo combatente é treinado. Misericórdia e perdão é o treinamento pelo qual o Senhor faz passar constantemente os seus valentes guerreiros.
''Com efeito, se perdoardes aos homens as suas faltas, vosso Pai celeste também vos perdoará; mas se não perdoardes aos homens, também vosso Pai não vos perdoará vossas faltas'' (Mt 6,14).
Todos nós pecamos e precisamos do perdão de Deus. Ele quer tocar o nosso coração para nos abrirmos à graça do perdão. Porque, se não perdoarmos, não seremos perdoados.
Quando não perdoamos, fechamos o coração, e acabamos nos fechando a tudo: nos fechamos ao amor e ao perdão.
Tanto quanto Deus é amor, é também perdão. Deus quer sempre perdoar. Se não conseguimos enxergar isto, é porque estamos com o coração fechado.
Mesmo decepcionados com situações ou pessoas, rancorosos e vingativos, estamos sendo envolvidos pelo perdão do Pai. Mas Ele não pode nos atingir: nosso coração está fechado. Preciso repetir: mesmo quando estamos ressentidos, cheios de raiva e vingança, o Pai continua a nos amar e nos envolver no Seu amor. Mas nós é que não somos atingidos porque estamos fechados.
Se jogamos um cantil fechado no mar, depois de um mês ou até depois de 100 anos, ele estará vazio: não entra nem um pouquinho de água. Com toda a água do oceano ao seu redor, durante todo esse tempo, o cantil poderia se encher, transbordar; mas isso não acontece, porque ele está fechado. Se o cantil estivesse aberto, em questão de segundos, estaria cheio de água.
À medida que usamos para os outros, será a medida usada para nós. É isso que o Evangelho nos diz: ''se perdoarmos, seremos perdoados; mas se não perdoarmos, não alcançaremos o perdão. A medida com que medimos aos outros, seremos nós também medidos: com a mesma medida!''
A palavra ressentimento quer dizer: sentir de novo aquilo que já havíamos sentido. Re-sentir! Se continuarmos guardando mágoas e ressentimentos, as veias do nosso coração ficam todas fechadas. Não demora e o nosso coração está todo fechado.
Não temos o direito de ficar magoados com as pessoas que nos ofenderam, nos feriram... Não podemos ficar ressentidos e querer mal a elas porque fizeram algo errado. Se agirmos assim estaremos nos matando.
Se você não perdoa, está se asfixiando. Não se trata de ter direito de não perdoar, porque foi a pessoa que errou. O direito que você tem é o de viver. Não o de morrer. O ressentimento mata. Mata a alma e mata o corpo.
Na medida em que acumulamos ressentimento e decepção, vamos perdendo a alegria. No começo parece gostoso cultivar aquele sentimento de auto-piedade, porque fomos ofendidos. Mas depois, vamos nos envenenando. Podemos chegar à morte. Repito: chegar à morte da alma e a morte do corpo. E quantos morrem assim!...
Precisamos estar com o coração totalmente aberto para que flua abundantemente. É preciso ter a coragem de vencer os ressentimentos, as mágoas, os rancores e a raiva. É necessário romper com todos esses sentimentos negativos, porque eles geram doenças. Geram morte.
O Senhor quer lhe dar salvação. É preciso que você se abra.
Trecho retirado do livro: “Combatentes no perdão”, de Pe. Jonas Abib.
quinta-feira, 18 de março de 2010
Cantemos ao Senhor o canto do amor!
Dos Sermões de Santo Agostinho (Séc.V),
Bispo e doutor da Igreja:
Cantai ao Senhor Deus um canto novo, e o seu louvor na assembléia dos fiéis (Sl 149,1). Somos convidados a cantar um canto novo ao Senhor. O homem novo conhece o canto novo. O canto é uma manifestação de alegria e, se examinarmos bem, é uma expressão de amor. Quem, portanto, aprendeu a amar a vida nova, aprendeu também a cantar o canto novo. É, pois, pelo canto novo que devemos reconhecer o que é a vida nova. Tudo isso pertence ao mesmo Reino: o homem novo, o canto novo, a aliança nova.
Não há ninguém que não ame. A questão é saber o que se deve amar. Não somos, por conseguinte, convidados a não amar, mas sim a escolher o que havemos de amar. Mas o que podemos escolher, se antes não formos escolhidos? Porque não conseguiremos amar, se antes não formos amados. Escutai o apóstolo João: Nós amamos porque ele nos amou primeiro (cf. 1Jo 4,10). Procura saber como o homem pode amar a Deus; não encontrarás resposta, a não ser esta: Deus o amou primeiro. Deu-se a si mesmo aquele que amamos, deu-nos a capacidade de amar. Como ele nos deu esta capacidade, ouvi o apóstolo Paulo que diz claramente: O amor de Deus foi derramado em nossos corações. Por quem? Por nós, talvez? Não. Então por quem? Pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm5,5).
Tendo, portanto, uma tão grande certeza, amemos a Deus com o amor que vem de Deus. Escutai ainda mais claramente o mesmo São João: Deus é amor: quem permanece no amor, permanece com Deus, e Deus permanece com ele (1Jo 4,16). É bem pouco afirmar: O amor vem de Deus (1Jo,4,7). Quem de nós se atreveria a dizer: Deus é amor? Disse-o quem sabia o que possuía.
Deus se oferece a nós pelo caminho mais curto. Clama para cada um de nós: Amai-me e me possuireis; porque não podeis amar-me se não me possuirdes.
Ó irmãos, ó filhos, ó novos rebentos da Igreja católica, ó geração santa e celestial, que renascestes em Cristo para uma vida nova! Ouvi-me, ou melhor, ouvi através do meu convite: Cantai ao Senhor Deus um canto novo. Já estou cantando, respondes. Tu cantas, cantas bem, estou escutando. Mas, oxalá a tua vida não dê testemunho contra tuas palavras.
Cantai com a voz, cantai com o coração, cantai com os lábios, cantai com a vida: Cantai ao Senhor Deus um canto novo. Queres saber o que cantar a respeito daquele a quem amas? Sem dúvida, é acerca daquele a quem amas que desejas cantar. Queres saber então que louvores irás cantar? Já o ouviste: Cantai ao Senhor Deus um canto novo. Que louvores? Seu louvor na assembléia dos fiéis. O louvor de quem canta é o próprio cantor.
Quereis cantar louvores a Deus? Sede vós mesmos o canto que ides cantar.
Vós sereis o seu maior louvor, se viverdes santamente.
Santo Agostinho, Sermão 34 (Séc. V)
quarta-feira, 17 de março de 2010
Cantar a Quaresma e a Semana Santa
Por Ir. Mirian T. Kolling
Cada ano, a Igreja se une ao mistério de Jesus no deserto, durante quarenta dias, vivendo um tempo de penitência e austeridade, de conversão pessoal e social, especialmente pelo jejum, a esmola e a oração, conforme o Evangelho de Mateus (Cf. Mt 6,1-6.16-18), proclamado na Quarta Feira de Cinzas, em preparação às festas pascais.
Neste contexto se configura a Quaresma: São cinco domingos mais o Domingo de Ramos na Paixão do Senhor, que inicia a Semana Santa, também chamada Semana Maior. É este um tempo forte e privilegiado, em que fazemos nosso caminho para a Páscoa, renovando nossa fé e nossos compromissos batismais, cultivando a oração, o amor a Deus e a solidariedade com os irmãos. Tal austeridade deve se manifestar no espaço celebrativo, nos gestos e símbolos, como também no canto, para depois salientar a alegria da ressurreição, que transborda na Páscoa do Senhor:
• A cor roxa, as cinzas e a cruz lembram o caráter penitencial, de conversão;
• O espaço celebrativo deve ser sóbrio, sem ornamentação nem flores no altar;
• Não se recita nem se canta o “Glória”, assim como o “Aleluia”, que são aclamações jubilosas, marcadas pela festa e alegria, o que não combina com a Quaresma;
• É tempo de favorecer o silêncio musical. Por isso, os instrumentos devem acompanhar os cantos de forma discreta, somente para sustentar o canto; um teclado ou um violão apenas, silenciando os demais, para manifestar o caráter penitencial desse tempo. Sua função é apenas “prática”, na medida do necessário, para apoiar o canto;
• Cada tempo litúrgico tem seus cantos próprios; assim também a Quaresma. Cantos que expressem o conteúdo, os temas, a Palavra de Deus, enfim o aspecto do mistério pascal que celebramos. É preciso saber escolher bem os cantos, que acentuem a conversão, o perdão, a fraternidade e solidariedade, a vida, a luz, inspirados no Evangelho do dia. Mas sempre com os horizontes voltados para a Páscoa de Jesus, mistério central que celebramos em nossas liturgias.
• Neste tempo acontece no Brasil, já há mais de 40 anos, a Campanha da Fraternidade, que propôs, durante muito tempo, também cantos apropriados ao tema de cada ano, o que foi uma riqueza, mas também limitou o repertório dos cantos quaresmais. A partir de 2006 está havendo um esforço para se cantar o espírito e a liturgia da Quaresma, compondo-se apenas um Hino, que pode ser cantado no início ou no final da Celebração. A CNBB, em parceria com a Paulus, tem gravado uma série de CDs do chamado “Hinário Litúrgico”, apropriados para o Ano A, B e C.
• Cantos tradicionais e que já estão na memória do povo, devem fazer parte do repertório, como “Pecador, agora é tempo”, “O vosso coração de pedra” e “Prova de amor maior não há”;
• Não se cante o Abraço da Paz, que, aliás, nem faz parte do rito, mas valorize-se o canto que acompanha a fração do pão, o “Cordeiro de Deus”, pois Jesus é o Cordeiro que tira o pecado do mundo. O “Senhor, tende piedade de nós” também seja valorizado, além das aclamações e pequenos refrãos orantes. O chamado canto final poderia ser omitido, deixando o povo sair em silêncio. Poderia ser outra também a resposta à Oração dos fiéis, que em geral é “Senhor, escutai a nossa prece”, como por exemplo: “Jesus, Filho de Deus, tem compaixão de nós!” além de outras, sugeridas pelo Missal Dominical;
• É importante intensificar o silêncio, criando um clima orante já antes do início da Celebração e ao longo da mesma. Sobretudo no Ato penitencial, na Oração da Coleta, entre as leituras, durante a Narrativa da Última Ceia, após a Comunhão...
A Quaresma desemboca na Semana Santa assim chamada, porque nela celebramos os momentos mais importantes da nossa salvação: “Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único... Tendo amado os seus, amou-os até o fim.” (Jo 3,16;13,1). Diz-nos Evair H. Michels, em seu livro “Pastoral da Música Litúrgica – Dicas Práticas”: “Os ritos da Semana Santa devem ser realizados com particular solenidade, pois este tempo é o coração do ano litúrgico.”
“Cantar a quaresma é, antes de tudo, cantar a dor que se sente pelo pecado do mundo, que, em todos os tempos e de tantas maneiras, crucifica os filhos de Deus e prolonga, assim, a Paixão de Cristo... É um canto de luto, um canto sem ‘glória’ e sem ‘aleluia’, um canto sem flores e sem as vestes da alegria, um canto ‘das profundezas do abismo’ em que nos colocaram nossos pecados (Sl 130); um grito penitente de quem implora e suplica: ‘Tende piedade de mim, Senhor, segundo a vossa bondade, e conforme a vossa misericórdia, apagai a minha iniqüidade’(Sl 51,3)”. (CNBB, Hinário Litúrgico, fascículo 2, p. 5)
terça-feira, 16 de março de 2010
O Esplendor da Casa de Deus
1. No livro de Ageu (1,15-2,9) lemos o relato da construção de um segundo Templo, depois daquele que Salomão havia construído em honra do Senhor. Nesta construção, como é de se imaginar, a tarefa não é tão fácil, ainda mais que a mesma não chega nem perto do esplendor que tinha a construção de Salomão e outras tantas da época. Resultado: os construtores desanimam, perdem o incentivo e a perspectiva.
Ora, a obra em questão não é simplesmente obra humana, trata-se de uma obra de Deus. Ageu não fica sem resposta da parte de Deus, que, antes de todos desejou a construção da Segunda Casa. A obra que é de Deus deve continuar, e Ele não somente a quer, como a sustenta. O Templo ou casa de Deus é sinal da sua Presença, é lugar de encontro de seus filhos diante de sua Majestade, é local onde cada um apresenta seus preciosos tributos ao seu Criador.
Este Templo em questão, como já se disse, não tem nem de perto o esplendor daquele Templo que Salomão havia dedicado ao Senhor, mas, pelo desejo de Deus, é sinal de que Ele está sempre presente no meio do seu povo, e ainda é sinal de comunhão para toda humanidade, onde todos afluirão para encontrar-se com Deus vivo.
2. Transportando estas concepções para a Igreja hoje, enxergamos a Igreja refletida nas Comunidades da mesma maneira, como lugar onde Deus manifesta a sua Presença, onde nos encontramos como filhos, ou melhor, como família, diante do Autor Supremo do Universo, para meditar sua Palavra e receber a Presença Eucarística do Cristo Jesus, e apresentamos a Ele as nossas vidas, e o que temos de melhor a lhe oferecer. A comunidade é desejo de Deus, sinal de que Ele está presente no meio de nós, e sinal de comunhão entre aqueles que se abrigam na mesma com uma única fidelidade: encontrar-se com Deus.
E é a Eucaristia, o anúncio atualizado da salvação para todos sem exceção, é ela por excelência “lugar visível de comunhão”, pois nos permite em comunidade, como Igreja, compartilhar a vida de Cristo Ressuscitado, tomando parte no mistério pascal, no mistério de Cristo, que continua a viver em nosso meio.
3. Crer na Eucaristia como sinal de comunhão, é compreender que Jesus é o Cristo de Deus (Cf. Lc 9,20). Após esta profissão de fé de Pedro, Jesus pré-anuncia sua Paixão. Paixão que aqui em nossa reflexão, une os pontos desta mesma, pois, não nos é novidade o fato de que em Cristo se cumprem todas as coisas, se esclarece, se confirma e se renova todo o Antigo Testamento, e ainda é a partir da Paixão de Cristo e de sua Ressurreição, que se fundamentam os conceitos e tudo aquilo que a doutrina cristã católica ensina e professa.
O Cristo que vive entre nós, e se manifesta na Presença Eucarística, é aquele mesmo que perguntou aos Apóstolos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Cf. Lc 9,20). As respostas podem ser inúmeras, no entanto, na comunidade se confirma a profissão de fé de Pedro: “O Cristo de Deus”. Esta deve ser a nossa resposta, pois assim reconhecemos o que Pedro e nenhum dos Apóstolos talvez não tenham compreendido naquele momento: que Cristo é o Servo Sofredor, que para a nossa Salvação e para que a Comunidade existisse hoje precisaria sofrer e morrer em nosso lugar e ressuscitar.
4. Lemos no Evangelho que “Jesus estava rezando” quando interrogou aos apóstolos. Ele orou porque só na fé Ele pode ser reconhecido. A Profissão de fé de Pedro é grande e ao mesmo tempo incompreensível para ele e seus companheiros, porém, muito importante, porque Jesus rezará depois para que ele possa “confirmar (na fé) seus irmãos” (Lc 22,31-33)
Muitas vezes nos esquecemos disso, de que Jesus é o Messias Sofredor, o qual nos pede que tomemos parte em sua paixão e morte, e depois em sua gloriosa ressurreição. Para tal temos a necessidade de ser confirmados na fé por Pedro, e no magistério duradouro da Igreja vivido no seio da comunidade, o lugar onde se manifesta o esplendor e a paz de Deus.
Texto escrito para
a Celebração da Sexta feira da 25ª. Semana do Tempo Comum – 25.09.2009
domingo, 14 de março de 2010
Estudo sobre a Didaché - Parte V: Perseverar até o fim (Cap. 16)
D. Quarta Parte: Perseverar até o Fim.
(Capítulo 16)
A quarta e última parte da Didaché traz um tom escatológico em seu conteúdo: Os cristãos vivem continuamente a espera da manifestação plena de Jesus e seu projeto, o que se realizará no fim de toda a História, conforme professamos, é a “vida do mundo que há de vir”. Porém, é preciso a consciência de que é no momento presente que esse “final” vai pouco a pouco sendo construído. Os primeiros cristãos encontraram na espera a perseverança de um dia poder contemplar o Grande Dia em que todas as coisas serão reunidas em Jesus no mundo futuro.
“16,1Vigiem sobre a vida de vocês. Não deixem que suas lâmpadas se apaguem, nem soltem o cinto dos rins, Fiquem preparados, porque vocês não sabem a que hora o Senhor nosso vai chegar. 2Reúnam-se com freqüência para procurar o que convém a vocês. Porque de nada lhes servirá todo o tempo que vocês viveram a fé, se no último momento vocês não estiverem perfeitos. 3De fato, nos últimos dias, os falsos profetas e os corruptores se multiplicarão, as ovelhas se transformarão em lobos e o amor se transformará em ódio. 4Crescendo a injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão mutuamente. Então aparecerá o sedutor do mundo, como se fosse o Filho de Deus, e fará sinais e prodígios. A terra será entregue em suas mãos e cometerá crimes como jamais foram cometidos desde o começo do mundo. 5Então toda criatura humana passará pela prova de fogo, e muitos ficarão escandalizados e perecerão. Contudo, aqueles que permanecerem firmes na fé serão salvos por aquele que os outros amaldiçoam. 6Então aparecerão os sinais da verdade. Primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal do toque da trombeta e, em terceiro lugar, a ressurreição dos mortos. 7Ressurreição sim, mas não de todos, conforme foi dito: "O Senhor virá, e todos os santos estarão com ele". 8Então o mundo verá o Senhor vindo sobre as nuvens do céu”. (Didaché 16,1-8). (Cf. Mt 7,15. 24,10-13.24.30-31.41-44. 25,13. 26,64; Lc 13,35; I Cor 15,52; I Ts 4,16; II Ts 2,4-9);
A comunidade dos primeiros cristãos tem o seguinte entendimento: Quando Jesus voltar, Ele vai chegar bem no momento em que a comunidade estiver colocando em prática o seu projeto. Por isso se faz tão necessária à vigilância, que se dá, sobretudo nos momentos em que a comunidade se reúne na fé e na esperança para discernir como irá realizar o projeto do Salvador, respondendo aos problemas e desafios do ambiente em que ela vive.
É certo, que desde aquele tempo, as comunidades cristãs vivem na história em constante prova de fogo, porque enfrentam na caminhados muitos projetos contrários ao projeto de Jesus. É neste momento que se identifica quem faz valer o seu testemunho cristão, pois é no meio de conflitos e lutas que o testemunho do cristão deve brilhar, enquanto a comunidade segue discernindo para fazer a coisa certa no momento certo (Cf. Mt 5,14-16)
Através do testemunho cristão também que vão aparecendo os sinais da verdade. O significado da abertura no céu permite que os cristãos compreendam o que acontece na história, porque são capazes de enxergar com os olhos de Deus. Compreende-se assim que o julgamento, simbolizado pelo toque da trombeta se realiza através do testemunho, e aquele que testemunhar até o fim ressuscitará como Jesus ressuscitou, pois a ressurreição é a coroa da glória reservada pelo próprio Cristo àqueles que com Ele se comprometem e com o seu projeto.
A comunidade cristã primitiva acreditava piamente que seria deste modo que Jesus apareceria vitorioso sobre as nuvens do céu, unindo à sua glória todo homem e mulher que testemunhando seu Evangelho fosse força de transformação no mundo. Quando Jesus despontar nos céus, e nós cremos nisto, o projeto do Pai estará plenamente realizado. Naquele dia feliz da Parusia haverá liberdade e vida para todos, através do exemplo da comunidade de fraternidade e partilha.
Daí a necessidade de ao lermos e estudarmos a Didaché, olharmos para a realidade da nossa comunidade e identificar os pontos que precisamos melhorar ou aperfeiçoar, para que esta escatologia já presente nas primeiras comunidades cristãs não seja algo distante de nós, mas se faça presente desde agora em nossas vidas e nas nossas comunidades, através do nosso testemunho fiel de que Jesus, o vencedor continua vivo e presente no meio de nós! Maranata, Vem Senhor Jesus!Estudo sobre a Didaché: Parte IV: Verdadeiros e falsos pregadores (Cap. 11 a 15)
C. Terceira Parte: Verdadeiros e falsos pregadores.
(Capítulos 11 a 15)
A terceira parte da Didaché constitui disposições à respeito da vida comunitária, dedicando especial atenção a hospitalidade e o discernimento dos verdadeiros pregadores, como deve ser o culto dominical, e por último a vivência e organização da comunidade.
1. Verdadeiros e falsos pregadores
Segundo a Didaché, as primeiras comunidades conheciam os apóstolos, os profetas e os mestres. É difícil entendermos qual a diferença entre estes, pois a função ou o ministério de todos era o anúncio do Evangelho e o ensino, e muito menos saber se eles tinham alguma espécie de sacerdócio ou algum posto de liderança nas comunidades.
Vemos no texto a insistência na hospitalidade dos mesmos, o que indica que seu ministério não era fixo em determinadas comunidades, que eles o exercia de modo itinerante, visando diversas comunidades cristãs. Daqui a dificuldade em distinguir quem era o verdadeiro e o falso pregador ou profeta.
A Didaché define o falso pregador como aquele que explora a comunidade e não pratica o que ensina, e para reconhecer o verdadeiro pregador do Evangelho, a comunidade chegou a diversos critérios:
· Ensinar a justiça e o conhecimento do Senhor;
· Falar sob inspiração;
· Viver como Senhor;
· Praticar o que ensina;
Podemos nos perguntar: Porque tanta atenção com homens que passavam a vida viajando anunciando o Evangelho, se a comunidade já vivia de acordo com o Evangelho? O respeito das primeiras comunidades cristãs para com os pregadores é muito grande, porque dependiam dele para conhecer o Evangelho, visto que em sua maioria eram formadas por pessoas simples e sem muita instrução. O pregador através da sua palavra e vida, de certa forma era a personificação viva do Evangelho para os cristãos, pois os Evangelhos escritos, como nós os conhecemos hoje, circulavam somente nas comunidades onde nasceram e comunidades vizinhas.
2. Hospitalidade com discernimento
O espírito de vivência da comunidade cristã é o da fraternidade e da partilha, o que a faz sempre aberta para acolher os que necessitam de ajuda. Este trecho é uma reafirmação do que a Didaché menciona várias vezes, no tocante ao relacionamento com o próximo, quem quer que ele seja.
No entanto, a comunidade deve sempre agir com discernimento, pois, a ocasião de ajuda, pode se tornar ocasião para que uns e outros “comerciantes de Cristo” aproveitem e explorem a boa vontade da comunidade e nem seja manipulada em favor de interesses alheios ao de Jesus Cristo e seu projeto. O alerta se define do seguinte modo: “Não basta ser bom: é preciso ser justo e ter muito bom-senso.
3. Sustentação do profeta
A nossa concepção em relação ao sustento dos nossos pastores é a mesma que as primeiras comunidades tinham em relação aos seus pregadores, profetas e mestres.
Por empregar todo o seu tempo na evangelização, o pregador fica dependendo das comunidades por onde passa para sobreviver, daí o compromisso das mesmas comunidades em oferecer parte das coisas destinadas ao seu sustento àqueles que se dedicam totalmente ao anúncio da Palavra de Deus e do Cristo Jesus.
O compromisso da comunidade vai muito além do sustento dos seus agentes, ela deve se empenhar ao máximo para que de fato as necessidades da evangelização sejam todas providas.
Mais uma vez vemos presente na instrução dos apóstolos a lição da caridade: “Onde não tiver profetas, dêem aos pobres”.
4. A celebração dominical
“14,1Reúnam-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro. 2Aquele que está de briga com seu companheiro, não poderá juntar-se a vocês antes de se ter reconciliado, para que o sacrifício que vocês oferecem não seja profanado. 3Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: “Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro, porque eu sou um grande rei, diz o Senhor, e o meu nome é admirável entre as nações”. (Didaché 14,1-3). (Cf. Mt 5,23-25; Ml 1,11-14)
Outra reafirmação da Didaché, agora no que diz respeito à celebração da Eucaristia.
Para os primeiros cristãos, é na Eucaristia que se concretiza o espírito de fraternidade que rege a comunidade, pois ela por si só é celebração da fraternidade. A insistência na confissão dos pecados e na reconciliação é para que a Eucaristia não seja profanada no seu sentido mais profundo. Reconciliação que não deve ser só no momento do culto, mas, em toda vida, pois sem isto a Celebração dominical e a Eucaristia perdem o seu sentido: reunir os filhos de Deus, para o seu louvor.
5. A vivência comunitária
A) Dois modelos de Igreja
A Igreja nascente viu-se diante de dois modelos de Igreja. A comunidade palestinense mais ligada à tradição, onde estavam presentes os apóstolos e os presbíteros; A Didaché lembra este modelo de Igreja. O segundo modelo de Igreja nasceu fora da Palestina e era voltado à missão e as necessidades que dela surgiam, tendo logo a necessidade de servidores para a comunidade, no caso os diáconos, e de supervisores para as diversas comunidades existentes, os bispos; ambos escolhidos de modo democrático, ou seja, pelo povo.
Os diáconos e bispos em geral eram homens sábios e conhecedores do Evangelho, porém, não se sabe dizer com precisão qual eram as suas funções nas comunidades.
A Tradição e missão são dois elementos presentes em toda comunidade cristã, independente do modelo que ela segue nos primeiros séculos do cristianismo, pois a tradição significa fidelidade ao compromisso com o projeto de Jesus, e a missão significa encarnar este projeto, a fim de responder os desafios de cada tempo e lugar. Ou seja, a comunidade precisa ter os olhos fixos no Evangelho e na Vida.
B) Base da vida comunitária: Correção mútua, feita com espírito fraterno. Este constitui o esforço básico da comunidade, pois não é bom viver sozinho e não é fácil viver junto. A Didaché mostra que a comunidade deve levar a sério este preceito, e ser implacável, ao ponto de isolar completamente quem ofendeu o próximo, até que ele aprenda a necessidade da reconciliação;
Expressão da vida cristã: Sua finalidade é sempre o Evangelho de Cristo, e ela deve se exprimir por meio da oração (intimidade com Deus), da esmola (amor ao próximo) e da ação, colaborando para a transformação da sociedade pecadora na comunidade fraterna que Deus quer para seus filhos e filhas.
sábado, 13 de março de 2010
Estudo sobre a Didaché - Parte III: Celebração da Vida (Cap. 7 a 10)
B. Segunda Parte: Celebração da Vida.
(Capítulos 7 a 10)
A segunda parte da Didaché constitui o ritual litúrgico das primeiras comunidades, com instruções para a administração do Batismo, orientações sobre o jejum e a oração e sobre a Celebração Eucarística.
1. O Batismo
“7,1Quanto ao batismo, procedam assim: Depois de ditas todas essas coisas, batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. 2Se você não tem água corrente, batize em outra água; se não puder batizar em água fria, faça-o em água quente. 3Na falta de uma e outra, derrame três vezes água sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. 4Antes do batismo, tanto aquele que batiza como aquele que vai ser batizado, e se outros puderem também, observem o jejum. Àquele que vai ser batizado, você deverá ordenar jejum de um ou dois dias”. (Didaché 7,1-4). (Cf. Mt 28,19)
Na administração do Batismo encontramos muitas semelhanças com o modo como procedemos hoje na Igreja.
O Batismo era administrado nos primeiros séculos após uma etapa de catequese, representada na primeira parte do Didaché, que como sabemos consistia no anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. A cerimônia era realizada em comunidade, com o uso de um ritual simples que se define no “Batismo com água e à invocação a Trindade”.
O texto nos mostra que o mais usual era a imersão em água corrente, ou seja, em rios, ou “em outra água”, provavelmente piscinas ou reservatórios. Caso deste modo fosse impossível, a Didaché determina que se derrame três vezes água sobre a cabeça do batizando.
Após a etapa de catequese, obviamente necessária, pois, já neste tempo havia a concepção de que o Batismo fazia a pessoa ingressar na família de Deus, embora isto não esteja definido ainda, o batizando, aquele que administrava o batismo e provavelmente a comunidade jejuava. O jejum e a instrução nos mostram que o Batismo era concedido somente a pessoas adultas, e sua administração não se restringia a um ministro em especial, portanto, qualquer batizado da comunidade poderia conceder o Batismo a alguém não batizado.
2. O jejum e a oração
“8,1Que os jejuns de vocês não coincidam com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e no quinto dia da semana. Vocês, porém, jejuem no quarto dia e no dia da preparação. 2Não rezem como os hipócritas, mas como o Senhor ordenou no seu Evangelho. Rezem assim: “Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome, venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia, perdoa a nossa dívida, assim como também nós perdoamos aos nossos devedores, e não nos deixeis cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o poder e a glória para sempre”. 3Rezem assim três vezes ao dia”. (Didaché 8,1-3). (Cf. Mt 6,9-13; Lc 11,2-4)
Jejum e oração, desde o Antigo Testamento estão intimamente ligados. É assim também com as primeiras comunidades que conservaram estas duas práticas.
O jejum, longe de ter a finalidade de privar os cristãos de alguns alimentos e bens, lembra ao mesmo que existe uma fome maior que a de alimentos, que só a vinda do Reino de Deus pode satisfazer. A oração é entendida como abertura a Deus, ou seja, o orante está aberto a Deus e ao seu projeto e consciente dos pedidos essenciais, manifestados no “Pai nosso”, para que este projeto aconteça. Deste modo estão unidos jejum e oração, pois, o cristão eleva a Deus o clamor para que venha o seu Reino, a fim de que este, com sua justiça liberte o mundo de todas as fomes.
O fato da Oração do Senhor estar citada no texto nos mostra que desde os primórdios tal oração é a oração por excelência dos cristãos e modelo de qualquer outra oração que a comunidade ou o Cristão possa dirigir a Deus. A Instrução “Rezem assim três vezes por dia” é conservada até hoje pela Igreja que de fato reza o Pai nosso três vezes ao dia: por ocasião da Oração das Laudes, logo cedo; por ocasião da Oração das Vésperas, no fim da tarde; e na celebração do Sacrifício eucarístico.
3. A celebração eucarística
“9,1Celebrem a Eucaristia deste modo: 2Digam primeiro sobre o cálice: “Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do teu servo Davi, que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre”. 3Depois digam sobre o pão partido: “Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre. 4Do mesmo modo como este pão partido tinha sido semeado sobre as colinas, e depois recolhido para se tornar um, assim também a tua Igreja seja reunida desde os confins da terra no teu reino, porque tua é a glória e o poder, por meio de Jesus Cristo, para sempre”. 5Ninguém coma nem beba da Eucaristia, se não tiver sido batizado em nome do Senhor, porque sobre isso o Senhor disse: “Não dêem as coisas santas aos cães”. (Didaché 9,1-5) (Cf. Mt 18,20. 26,26-28; Jo 6; I Cor 11,17-34; “Seqüência de Corpus Christi).
É óbvio ao ler o texto que a Eucaristia nele mencionada é bem diferente daquele rito eucarístico que nós conhecemos e celebramos hoje. Provavelmente neste momento da vida da Igreja não existisse ainda uma fórmula fixa de celebração, mas, o texto nos deixa claro uma coisa: A Eucaristia era celebrada em comum, provavelmente dentro de uma refeição, o que caracteriza familiaridade, e só podia ser participada pelos batizados, que instruídos na fé, se haviam comprometido com o projeto de Jesus.
Ou seja, as primeiras comunidades entenderam o mandato de Jesus de celebrar o seu memorial até a sua volta, e que só podiam “comungar da ceia” aqueles que se comprometessem com a sua causa. Há também neste contexto o destaque do aspecto da Eucaristia como Sacramento de unidade da Igreja, ou seja, os que tomam a ceia se tornam participantes de um só corpo em comunhão com todos os que aderem o Cristo e recebem o batismo em seu nome.
A Eucaristia, ao longo da História da Igreja irá ganhar novos significados, e o modo de celebrá-la irá evoluir também. Porém, uma coisa é certa, desde o inicio do cristianismo era considerada como o coração da comunidade, e como sinal eficaz e real da presença de Jesus no seio da mesma.
4. Agradecimento depois da Eucaristia
“10,1Depois de saciados, agradeçam deste modo: “2Nós te agradecemos, Pai Santo, por teu santo Nome, que fizeste habitar em nossos corações, e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos revelastes por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre. 3Tu, Senhor Todo-poderoso, criastes todas as coisas por causa do teu Nome, e deste aos homens o prazer do alimento e da bebida, pra que te agradeçam. A nós, porém, deste uma comida e uma bebida espiritual, e uma vida eterna por meio do teu servo. 4Antes de tudo, nós te agradecemos porque és poderoso. A ti a glória para sempre. 5Lembra-te, Senhor, da tua Igreja, livrando-a de todo o mal e aperfeiçoando-a no teu amor. Reúne dos quatro ventos esta Igreja santificada para o teu reino que lhe preparaste, porque teu é o poder e a glória para sempre. 6Que a tua graça venha, e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi. Quem é fiel, venha; quem não é fiel, converta-se. Maranatá. Amém”. 7Deixem os profetas agradecerem à vontade”. (Didaché 10,1-7). (Cf. Mt 21,15; I Cor 16,22; Ap 22,20).