1. No livro de Ageu (1,15-2,9) lemos o relato da construção de um segundo Templo, depois daquele que Salomão havia construído em honra do Senhor. Nesta construção, como é de se imaginar, a tarefa não é tão fácil, ainda mais que a mesma não chega nem perto do esplendor que tinha a construção de Salomão e outras tantas da época. Resultado: os construtores desanimam, perdem o incentivo e a perspectiva.
Ora, a obra em questão não é simplesmente obra humana, trata-se de uma obra de Deus. Ageu não fica sem resposta da parte de Deus, que, antes de todos desejou a construção da Segunda Casa. A obra que é de Deus deve continuar, e Ele não somente a quer, como a sustenta. O Templo ou casa de Deus é sinal da sua Presença, é lugar de encontro de seus filhos diante de sua Majestade, é local onde cada um apresenta seus preciosos tributos ao seu Criador.
Este Templo em questão, como já se disse, não tem nem de perto o esplendor daquele Templo que Salomão havia dedicado ao Senhor, mas, pelo desejo de Deus, é sinal de que Ele está sempre presente no meio do seu povo, e ainda é sinal de comunhão para toda humanidade, onde todos afluirão para encontrar-se com Deus vivo.
2. Transportando estas concepções para a Igreja hoje, enxergamos a Igreja refletida nas Comunidades da mesma maneira, como lugar onde Deus manifesta a sua Presença, onde nos encontramos como filhos, ou melhor, como família, diante do Autor Supremo do Universo, para meditar sua Palavra e receber a Presença Eucarística do Cristo Jesus, e apresentamos a Ele as nossas vidas, e o que temos de melhor a lhe oferecer. A comunidade é desejo de Deus, sinal de que Ele está presente no meio de nós, e sinal de comunhão entre aqueles que se abrigam na mesma com uma única fidelidade: encontrar-se com Deus.
E é a Eucaristia, o anúncio atualizado da salvação para todos sem exceção, é ela por excelência “lugar visível de comunhão”, pois nos permite em comunidade, como Igreja, compartilhar a vida de Cristo Ressuscitado, tomando parte no mistério pascal, no mistério de Cristo, que continua a viver em nosso meio.
3. Crer na Eucaristia como sinal de comunhão, é compreender que Jesus é o Cristo de Deus (Cf. Lc 9,20). Após esta profissão de fé de Pedro, Jesus pré-anuncia sua Paixão. Paixão que aqui em nossa reflexão, une os pontos desta mesma, pois, não nos é novidade o fato de que em Cristo se cumprem todas as coisas, se esclarece, se confirma e se renova todo o Antigo Testamento, e ainda é a partir da Paixão de Cristo e de sua Ressurreição, que se fundamentam os conceitos e tudo aquilo que a doutrina cristã católica ensina e professa.
O Cristo que vive entre nós, e se manifesta na Presença Eucarística, é aquele mesmo que perguntou aos Apóstolos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Cf. Lc 9,20). As respostas podem ser inúmeras, no entanto, na comunidade se confirma a profissão de fé de Pedro: “O Cristo de Deus”. Esta deve ser a nossa resposta, pois assim reconhecemos o que Pedro e nenhum dos Apóstolos talvez não tenham compreendido naquele momento: que Cristo é o Servo Sofredor, que para a nossa Salvação e para que a Comunidade existisse hoje precisaria sofrer e morrer em nosso lugar e ressuscitar.
4. Lemos no Evangelho que “Jesus estava rezando” quando interrogou aos apóstolos. Ele orou porque só na fé Ele pode ser reconhecido. A Profissão de fé de Pedro é grande e ao mesmo tempo incompreensível para ele e seus companheiros, porém, muito importante, porque Jesus rezará depois para que ele possa “confirmar (na fé) seus irmãos” (Lc 22,31-33)
Muitas vezes nos esquecemos disso, de que Jesus é o Messias Sofredor, o qual nos pede que tomemos parte em sua paixão e morte, e depois em sua gloriosa ressurreição. Para tal temos a necessidade de ser confirmados na fé por Pedro, e no magistério duradouro da Igreja vivido no seio da comunidade, o lugar onde se manifesta o esplendor e a paz de Deus.
Texto escrito para
a Celebração da Sexta feira da 25ª. Semana do Tempo Comum – 25.09.2009
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