Apesar da infidelidade e falta de dignidade dos homens, Deus é aquele que sempre mantém seus compromissos, pedindo ao homem que confie nele. Deus pede a colaboração do homem, dando-lhe como condição de salvação uma fé absoluta em sua palavra.
Isaias nos narra um confronto entre Acaz, rei de Judá e o rei Rason da Siria e Facéia, rei de Israel (Cf. Is 7,1-9). Quando há guerra, há vitória. Os fiéis de ambas as partes rogam a Deus a vitória. Porém, só um lado pode sair vencedor, o outro lado acaba sentindo-se rejeitado por Deus ou se revolta por não ter sido atendido.
O mesmo acontece em tantas peripécias humanas, quando se considera Deus como “um poderoso ao nosso serviço”, que basta invocar para que venha em nosso auxílio, curando-nos as doenças ou resolvendo conflitos e tensões que se dão nos mais vastos campos de relacionamento humano.
Aqui a fé se configura como “barganha”, mas não é esta a fé que Deus exige. Jesus nos ajuda a entender o que é a fé com absoluta certeza quando nos ensina: “Buscai e achareis, batei e ser-vos-á aberto” (Cf. Mt 7,7). Jesus nos mostra que a fé é um abandono total e filial nos braços do Pai, é confiança em seus planos, que são sempre planos de amor, que preveem sempre o melhor para nós, mesmo quando ele permite as borrascas e derrotas, como a que estava para desabar sobre o povo no tempo de Isaías.
Tudo isso porque Deus prova para purificar. A nós neste processo cabe aprendermos a viver de fé e aprendemos a orar com confiança.
A fé é dom de Deus e não pode ser repelida. Um dia, afirmou Jesus aos fariseus que ser “filho de Abraão” é uma responsabilidade, mais do que motivo de orgulho (Cf. Jo 8,39). Ou seja, o que conta não é “ser filho de Abraão”, mas viver como filho de Abraão, imitando-lhe as virtudes, sobretudo sua fé.
O mesmo pensamento é expresso sobre a censura que Jesus faz às cidades onde havia realizado muitos milagres, porque não haviam se convertido (Cf. Mt 11,20-24). Esta censura interessa também à nossa condição: o que conta não é ser membro da Igreja e formar parte do povo de Deus, mas viver como membros da Igreja e como filhos de Deus.
Mesmo assim, a má conduta dos homens não evitará a condenação, à semelhança das antigas cidades. É preciso a consciência de que é bem maior a responsabilidade dos cristãos nos tempos atuais. Aquelas cidades, punidas por seus muitos pecados, não tiveram a possibilidade de se beneficiar com os prodígios da ação salvífica de Deus, como a temos nós, filhos e filhas do novo povo de Deus através dos sacramentos da Igreja.
A Palavra de Deus nos impõe um sincero exame: Contentamo-nos com “ter” a fé ou nos esforçamos por “vivê-la”?
Que o Senhor nos ajude a ter uma fé enraizada em sua Palavra e um compromisso autêntico com a Igreja mediante a fé que recebemos no Batismo.
Sem. Rodolfo Marinho de Sousa
Terça Feira da 15ª. Semana Comum – Ano Par. 17.07.2012 (Memória do Bem Aventurado Inácio de Azevedo e Companheiros Mártires)
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