PAGINAS

domingo, 27 de dezembro de 2009

Chamados por Deus à Santidade



1. No livro do Levítico 19,2 lemos a vontade de Deus sobre Israel: O desejo de que sejam santos assim, como Ele, o Senhor é Santo. Jesus no Evangelho vai nos convidar a perfeição, que não deixa de ser sinônimo de santidade: “Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está nos céus” (Mt 5,48)
É clara a vontade de Deus sobre as nossas vidas: o desejo do Senhor é que sejamos santos, assim como Ele é Santo! É muito mais do que desejo de Deus para nós, trata-se de uma vocação inata em cada um de nós, ou seja, nascemos já inclinados para a santidade. Paulo vem nos relembrar isso: “Esta é a vontade de Deus: vivei na santidade, afastai-vos da impureza” (I Ts 4,3).
Deus chama a santidade, nós respondemos, não só com a voz, mas com atitudes, pois para sermos santos, é preciso nos afastar de tudo aquilo que não vem de Deus e do que pode nos deixar sujos ou impuros. Por isso, o chamado à santidade traz em si o significado de compreender de maneira nova, de uma maneira ressuscitada, a si mesmo, os outros e as relações humanas; com uma visão livre de malicias e impurezas, com uma visão santa.

2. Não há outro caminho para a comunidade cristã, ou para qualquer que seja que invoca o nome de Jesus, a não ser o caminho da santidade. Neste contexto, a Igreja, desejo de Cristo, família de Deus é chamada a ser santa, ou seja, é chamada a viver como consagrada a Deus inteiramente, e integralmente voltada para Ele e seu Amor.
Sabemos que a Igreja é uma concepção que vai muito além do Templo onde nos reunimos para prestarmos o culto a Deus. A Igreja é constituída de homens e mulheres, que embora, imperfeitos ainda, por conta do mal do pecado, buscam a cada dia a perfeição e a santidade, vivendo tudo aquilo que a Igreja ensina e professa.
A vida na santidade exige, segundo o Apóstolo, que o cristão fuja das relações extra-matrimoniais e que mantenha o seu corpo em santidade (Cf. I Ts 4,3-6). Ora, se nós somos a Igreja, somos Templos do Espírito Santo (Cf.), portanto fugir das ocasiões de pecado e manter o corpo em santidade é preciso para que reflita em nós, Deus que é amor, santidade e perfeição. É deste modo que começamos a trilhar o caminho da santidade, caminho que se fará durante toda a vida, e terminará diante de Deus na eternidade. 
Com esta consciência, o cristão é convidado a descobrir o valor do seu corpo criado por Deus, como seu Templo Vivo e assim é chamado a participar da ressurreição de Jesus Cristo. Fica assim muito claro que Deus nos chamou a sermos santos: “Deus não nos chamou a impureza, mas à santidade” (I Ts 4,7). Ignorar a vontade de Deus é ignorar o Espírito Santo (Cf. I Ts 4,8).

3. Assim como Paulo se dirigiu a comunidade de Tessalônica para que a mesma vivesse em santidade, a Palavra de Deus nos fala hoje no mesmo sentido, ela nos convida a santidade, a nos abrirmos, a nos movermos, a caminharmos para a plenitude de Deus, assumindo de forma encarnada em nossa vida a imagem de sua santidade: “Sermos santos como Ele é Santo”, e testemunharmos com a voz e a vida: Santidade ao Senhor, Igreja!
Pois, segundo a Constituição Lumen Gentium a santidade é vocação da Igreja e de todos os seus membros (Cf. LG 5). Aqui entendemos o porquê de tantos santos e santas que a Igreja venera: A santidade é uma realidade, e não um mito, ou algo que ainda vá acontecer em uma escatologia futura; a santidade é chamado de Deus para hoje, visando o que será a realidade no céu, onde a nossa alegria no Senhor será completa e assim poderemos exultar com os justos ao receber a coroa da glória: “Uma luz já se levanta para os justos, e a alegria, para os retos corações. Homens justos, alegrai-vos no Senhor, celebrai e bendizei seu santo nome!” (Sl 96/97, 11-12).

4. Na parábola das Dez Virgens, encontramos também exigências de santidade. Uma destas exigências arrisco a dizer, a mais importante delas, encontramos da seguinte forma: “Vigiai, pois não sabeis o dia nem a hora” (Mt 25,13). Exigência para a santidade é a Vigilância, a constância na oração e na espera pelo Senhor, pois não sabemos quando e nem como iremos nos encontrar com Ele. Quem quer ser santo, e assim chegar a santidade, se policia, vigia, se prepara, fica atento.
A parábola das virgens é uma alegoria das núpcias de Cristo com a Igreja. Espécie de “Festa de casamento” que se dará na eternidade, onde o noivo é o Cristo Jesus, o Senhor da eternidade e de toda História. As virgens representam as comunidades cristãs que são motivadas a estarem preparadas para o encontro com o Senhor. Nós também, cada um em sua individualidade, podemos nos colocar no lugar das virgens: ou daquelas que estavam preparadas ou das outras que não traziam óleo suficiente em suas lâmpadas.

5. Nas núpcias do Cordeiro participam todos: os bons e os maus (parábola do joio), os sábios e os tolos (Cf. Mt 25,8). Todos, sem exceção, vão ao encontro do Senhor, porém alguns vão ao seu encontro porque são fiéis na vigilância, levam óleo a mais para as suas lâmpadas (Cf. Mt 25,4), outros, porém, vão ao seu encontro na infidelidade, pois não levam óleo suficiente para manterem suas lâmpadas acesas (Cf. Mt 25,3).
As virgens que são prevenidas se identificam com a prática da justiça. E é, pois esta prática, a pratica da justiça que leva à santidade. O óleo vem representar justamente esta prática. Às virgens desprevenidas Jesus, na pessoa do Noivo diz: “Não vos conheço” (Cf. Mt 25,12), as palavras mais terríveis e frias da Escritura, que irão significar uma separação total das suas núpcias, porque estas virgens tiveram a chance de se precaver e não o fizeram, em outras palavras, podiam ter exercido a prática da justiça e assim trilhar o caminho da santidade.
Jesus usa o termo “Não vos conheço”, uma vez que o verbo “conhecer” traz em si um laço de afetividade, carinho e estima; diria mais: traduz intimidade e familiaridade. E mais quem é repelido, é repelido por causa da falta da fé vigilante, que leva o amor e a esperança à morte e impossibilita assim o alcance da santidade.
Portanto, o chamado a santidade, consiste em vigiar pela fé, em preparar-se, estar atento, quem permanece assim, conserva o óleo da justiça, e pratica a mesma, visando a santidade. Conservar o “óleo” para manter as nossas lâmpadas acesas é esperar vigilante e ativamente o encontro com Cristo preparado desde toda eternidade que resultará tão somente em santidade.
Que Ele mesmo, o Noivo, nos conceda a graça de permanecermos fiéis ao seu chamado e vigilantes na fé enquanto esperando e caminhando buscamos a santidade.

Texto escrito para 
a Celebração da Sexta feira da 21ª. Semana Comum
28.08.2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário