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sábado, 7 de janeiro de 2012

Pão de Cristo


O que se segue é um relato verídico sobre um homem chamado Victor, que depois de meses sem encontrar trabalho, viu-se obrigado a recorrer à mendicância para sobreviver, coisa que o entristecia e Envergonhava muito. 
Numa tarde fria de inverno, encontrava-se nas imediações de um clube social, quando viu chegar um casal. Victor lhe pediu algumas moedas para poder comprar algo para comer. 
- Sinto muito, amigo, mas não tenho trocado- disse ele... 
Sua esposa, ouvindo a conversa perguntou: 
- Que queria o pobre homem? 
- Dinheiro para comer. Disse que tinha fome - respondeu o Marido., 
- Lorenzo, não podemos entrar e comer uma comida farta que não necessitamos e deixar um homem faminto aqui fora! 
- Hoje em dia há um mendigo em cada esquina! Aposto que quer dinheiro para beber! 
- Tenho uns trocados comigo. Vou dar-lhe alguma coisa! 
Mesmo de costas para eles, Victor ouviu tudo que disseram.  Envergonhado, queria se afastar depressa correndo dali, mas neste momento ouviu a amável voz da mulher que dizia: 
- Aqui tens algumas moedas. Consiga algo de comer, ainda que a situação esteja difícil, não perca a esperança. Em algum lugar existe um lugar de trabalho para você. Espero que encontre. 
- Obrigado, senhora. Acabo de sentir-me melhor e capaz de começar de novo. A senhora me ajudou a recobrar o ânimo! Jamais esquecerei sua gentileza. 
-Você estará comendo o Pão de Cristo! Partilhe-o... Disse ela com um largo sorriso dirigido mais a um homem que a um mendigo. 
Victor sentiu como se uma descarga elétrica lhe percorresse o corpo. Encontrou um lugar barato para se alimentar um pouco. Gastou a metade do que havia ganhado e resolveu guardar o que sobrara para o outro dia, comeria 'O Pão de Cristo' dois dias. Uma vez mais aquela descarga elétrica corria por seu interior. 
O PÃO DE CRISTO! 
- Um momento! - Pensou. Não posso guardar o pão de Cristo somente para mim mesmo. 
Parecia-lhe escutar o eco de um velho hino que tinha aprendido na escola dominical. Neste momento, passou a seu lado um velhinho. 
- Quem sabe, este pobre homem tenha fome, pensou. Tenho que partilhar o Pão de Cristo. 
- Ouça - exclamou Victor -. Gostaria de entrar e comer uma boa comida? 
O velho se voltou e encarou-o sem acreditar. 
- Você fala sério, amigo? O homem não acreditava em tamanha sorte, até que se tivesse sentado em uma mesa coberta, com uma toalha e com um belo prato de comida quente na frente. Durante a ceia, Victor notou que o homem envolvia um pedaço de pão em sua sacola de papel. 
- Está guardando um pouco para amanhã? Perguntou. 
- Não, não. É que tem um menininho que conheço onde costumo frequentar que tem passado mal ultimamente e estava chorando quando o deixei. Tinha muita fome. Vou levar-lhe este pão. 
O Pão de Cristo! Recordou novamente as palavras da mulher e teve a estranha sensação de que havia um terceiro convidado sentado naquela mesa. Ao longe os sinos da Igreja pareciam entoar o velho hino que havia soado antes em sua cabeça. Os dois homens levaram o pão ao menino faminto que começou a engoli-lo com alegria. 
De repente, se deteve e chamou um cachorrinho. Um cachorrinho pequeno e assustado. 
- Tome cachorrinho. Dou-te a metade - disse o menino. O Pão de Cristo alcançará também você. 
O pequeno tinha mudado de semblante. Pôs-se de pé e começou a vender o jornal com alegria. 
- Até logo! Disse Victor ao velho. Em algum lugar haverá um emprego. Não desespere! 
- Sabe? - sua voz se tornou em um sussurro. Isto que comemos é o pão de Cristo. Uma senhora me disse quando me deu aquelas moedas para comprá-lo. O futuro nos presenteará com algo muito bom! 
Ao se afastar, Vitor reparou o cachorrinho que lhe farejava a perna. Agachou-se para acariciá-lo e descobriu que tinha uma coleira onde estava gravado o nome e endereço de seu dono. Victor caminhou um bom pedaço até a casa do dono do cachorro e bateu na porta. Ao sair e ver que havia sido encontrado seu cachorro, o homem ficou contentíssimo, e logo sua expressão se tornou séria. Estava por repreender Victor, que certamente lhe havia roubado o cachorro, mas não o fez pois Victor mostrava no rosto um ar e dignidade que o deteve. Disse então: 
- No jornal de ontem, ofereci uma recompensa pelo resgate. Tome! 
Victor olhou o dinheiro meio espantado e disse: 
- Não posso aceitar. Somente queria fazer um bem ao cachorrinho. 
- Pegue-o! Para mim, o que você fez vale muito mais que isto! Você precisa de um emprego? Venha ao meu escritório amanhã. Faz-me muita falta uma pessoa íntegra como você. 
Ao voltar pela avenida aquele velho hino que recordava sua infância, voltou a soar em sua alma. O Hino chamava-se: 'PARTE O PÃO DA VIDA', 

(Desconheço o autor)

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