“A quem iremos, Senhor?
Só tu tens palavras de vida eterna”. (João 6,68).
1. Quando falamos de vocação de veríamos começar a nossa reflexão com esta profissão de fé do Apóstolo Pedro. Ainda mais, quando alguém pensa sobre a sua vocação particular, deveria diante de Jesus, fazer a mesma profissão de fé. E acrescento que, aqueles que já tem a sua vocação definida e escolhida deveriam fazer diariamente esta mesma profissão de fé, renovando sua adesão ao Senhor do modo como escolheu.
2. Quem dá a vocação é Deus, na Pessoa do seu Filho, Nosso Salvador, pelo Espírito Santo, Fonte da Vida de toda a Igreja. Ou seja, Quando Deus chama ou escolhe é preciso ir, é preciso se abandonar, e não impedir o seu chamado, ou ainda impedíramos alguém de se doar plenamente porque nos é querido.
Sabendo disto é egoísmo, afastar-se do único que tem palavras de vida eterna, é falta de sensibilidade diante de Deus e do seu Reino, ir a outro lugar, ou a outra Pessoa que não seja o Cristo Jesus. Ou ainda, preocupar-se demasiadamente com diversas questões e esquecer ou deixar de lado o apelo de Deus para que façamos sua obra acontecer.
3. E a obra do Senhor, só irá acontecer nos nossos dias, se cada um dos cristãos, se comprometerem com este ideal, primeiro fazendo sua profissão de fé, como Pedro e tantos outros Santos e Testemunhos fiéis da História da Humanidade, e tendo a consciência de que só podemos ir àquele que tem palavras de vida eterna. Este é o primeiro passo.
O segundo passo é dedicar-se a obra do Senhor, da melhor maneira que possamos nos dedicar. Não importa o que eu tenha a apresentar ou oferecer, o importante é ter consciência de que todos nós, independente de qualquer coisa somos vocacionados do Pai. Batizados, Missionários e enviados a proclamar o nome de Jesus e sua Obra Redentora a toda humanidade, levar as suas Palavras de Vida Eterna a todos os corações.
4. A contribuição humana, transformada em vocação é necessária, para que a Obra do Reino de Deus aconteça no nosso mundo. Esta é uma exigência de todos os tempos, e de todas as formas de cultura, desde o inicio da Igreja de Jesus Cristo.
5. Um exemplo expressivo de vocação e compromisso encontramos na vida de São Francisco de Assis. Um dia Francisco rezava nas ruínas de uma Igreja, quando viu o Senhor que lhe pediu: “Francisco, reconstrói a minha Igreja”. No primeiro momento São Francisco entendeu que Jesus havia lhe pedido que reconstruísse aquela Igreja onde Ele rezava, mas, na verdade o pedido de Cristo era pra que Francisco usasse sua vocação e a de seus irmãos, para dar Novo Vigor a Igreja, reconstruí-la por meio do testemunho, da vida recolhida, e sobre tudo nos pobres. Não é a toa que a Ordem Franciscana é a maior família religiosa de toda a Igreja.
6. Também nós, por meio do nosso Batismo, somos chamados a reconstruir, a reerguer e a levantar a Igreja do Senhor. Como já falamos, todos nós somos vocacionados do Pai.
Este desejo de que a Igreja seja reconstruída e levantada a cada dia por homens e mulheres que se comprometem com a Palavra é um desejo ardente do Coração de Cristo. Por este motivo Ele, o Pai de todas as vocações sempre suscitou e continua suscitando em nosso meio homens e mulheres que se disponibilizam a viver em tudo a sua vocação.
7. Em primeiro lugar, todos nós somos vocacionados a vida, logo, pelo Batismo temos a vocação de sermos filhos e filhas de Deus, pois É Ele que nos dá a vida em abundância (Cf. João 10,10) e assim fazemos partes de uma única e grande Família de Deus.
Destes Filhos, Deus separa para a Obra, alguns que se sentem chamados a dedicar-se a Ele inteiramente, de modo até radical. São estes os sacerdotes, religiosos e religiosas, missionários e missionárias.
Os Sacerdotes, nas pessoas do Papa, Bispos, Padres e Diáconos, são os responsáveis pelo Rebanho do Povo de Deus, aqueles que abençoam, aconselham, dirigem, nos dão a Presença de Cristo e agem diante do mesmo Povo de Deus, como figura do Cristo Bom Pastor. São os responsáveis pela vida do Povo a eles confiados.
Os Religiosos e Religiosas, consagram totalmente sua vida a Deus, dedicando-se a Ele na pessoa do próximo, sobretudo os mais pobres e marginalizados, na maioria das congregações. São muitas vezes responsáveis pela Vida Litúrgica, Formativa e Espiritual da Igreja. Além do que, tem num sentido geral, independente da ordem ou Comunidade, o dever de rezar pela humanidade inteira, para que pela oração o mundo seja transformado no Amor de Deus.
Os missionários e missionárias, são aqueles homens e mulheres, que, casados ou não, deixam muitas vezes seu lar e até sua Pátria, para levar a Palavra de Deus aos lugares onde Ela ainda não é compreendida e vivida. Se lançam sem reserva, e de um modo radical, para levar a vida e a Palavra de Cristo àqueles que ainda não sabem o que é viver e que também não conhecem sua Palavra. São muitos os missionários em lugares onde o cristianismo ainda não é conhecido ou muito limitado, como na Índia e África.
8. Temos o dever de rezar sempre por eles, para que a Missão seja frutuosa e traga os filhos de Deus de volta ou pela primeira vez à casa do Pai, pois, assim também nós somos missionários, por meio da Oração, a exemplo de Santa Terezinha, Padroeira das Missões, que embora nunca tenha saído do convento, orou incessantemente pelas missões e missionários.
9. Ao meu ver, a vocação mais importante é a vocação da família; a vocação de ser pai, de ser mãe e sobretudo a vocação de dar aos filhos, uma integra educação cristã, pois, é só a partir da família bem estruturada e configurada à Família do senhor, é que teremos santas vocações na Igreja: Santos Padres, Santos Religiosos e Religiosas, Santos missionários e Santos Leigos.
10. Como dissemos antes, a vocação é para todos, ou melhor, todos tem uma vocação, algo a oferecer. Portanto, mesmo aqueles que não se consagram especificamente a Deus e ao seu Reino, como um sacerdote, religioso ou missionário, também os demais, os leigos, devem consagrar sua vocação a Deus, e usar dos instrumentos dons e talentos que o Espírito Santo distribui para que sua parte na Obra do Reino aconteça.
Sendo assim, o Serviço pastoral nas nossas paróquias também é vocação; Existem muitas vocações nas nossas paróquias e comunidades que devem ser vividas com amor e entusiasmos, pois, são parcelas importantíssimas para que vivamos conforme o ensinamento de Nosso Senhor no Evangelho.
Por isso, devemos se há um chamado, se há uma vontade no coração, dar o sim, sem reserva e contribuir seja na catequese, na musica, na liturgia, no zelo pela Igreja, nos mais diversos grupos e pastorais que existem. Apresentar-se diante de Deus com um sim generoso, como foi o de Maria, naquele momento em que a História foi mudada, e deixar com Deus realize a sua vontade, usando dos nossos dons, capacidade e disponibilidade.
11. É preciso sentir-se livre para dar o sim, sem se sentir obrigado ou coagido. O Reino precisa de SIM’s e de vidas generosas, de pessoas que tenham a consciência de que são necessárias para que o Reino aconteça cada vez mais entre nós, que estejam dispostas a fazer de suas vidas vocação plena de serviço a Deus e aos irmãos, de almas que professem como Pedro que não podem mais viver em lugar algum ou com qualquer um, a não ser com aquele que tem Palavras de Vida Eterna.
12. Rezar ou Orar é vocação também, ou melhor, faz parte de qualquer vocação. Por isto na oração devemos pedir ao Senhor que envie cada vez mais operários para a sua Messe, porque esta é grande e ainda são pouquíssimos os operários (Cf. Lucas 10,2).
E ainda na oração, pedir ao Senhor que nos envie, assim como enviou Isaias. Mas, não que simplesmente nos envie a fazer algo, ou algum lugar, mas, como Isaias, devemos perceber onde é preciso ir em nome do Senhor, estar a par da situação quando o Senhor nos perguntar: “Quem há de ir por nós? A quem enviarei?”. Nossa Resposta deve ser a mesma de Isaias: “Eis-me aqui Senhor! Envia-me! Abre meu lábios pra que eu proclame seu Reino e frutifique!” (Cf. Isaias 6,1-8). Isto é se importar com a causa do Reino de Deus!
13. Se importar com a causa do Reino ainda, é na oração rezarmos principalmente pelas vocações sacerdotais e religiosas que saem de nossas comunidades, pois são sinais de que a nosso pedido ao Senhor que envie mais operários está sendo atendido. E muitas vezes nós pedimos, mas esquecemos de agradecer e de cuidar... E faz parte da nossa vocação cristã ainda, cuidar da vocação uns dos outros, principalmente dos que se consagram inteiramente a Deus.
14. Aqui entra o nosso compromisso de fazer da Igreja de Cristo, pela oração e por meio daquilo que podemos oferecer, um Celeiro de vocações, um lugar onde elas despertam para o Serviço ao Reino, e ainda fazer da Igreja, um local onde se vivem as vocações: não só as nossas vocações comuns nos nossos serviços vocacionais, mas, também do sacerdote responsável pela Paróquia ou comunidade, dos outros sacerdotes que já estiveram entre nós, dos seminaristas, diáconos, padres, religiosos e missionários que saíram de nossas comunidades.
15. Só conscientes disto e que poderemos afirmar que a Igreja é Celeiro das Vocações. Só conscientes é que veremos e viveremos a nossa vocação como Dom de Deus a serviço dos irmãos e de seu Reino, sua Obra.
"A Caridade deu-me a chave da minha vocação. Compreendi que se a Igreja tinha um corpo, composto por membros diferentes, não lhe faltava o mais necessário, o mais nobre de todos, compreendi que a Igreja tinha um coração, e que este coração era ardente de amor.Compreendi que só o amor fazia agir os membros da Igreja, que se o amor viesse a extinguir-se, os apóstolos deixariam de anunciar o Evangelho, os mártires se recusariam a derramar o sangue… Compreendi que o amor englobava todas as vocações, que o amor era tudo, que se estendia a todos os tempos e a todos os lugares…numa palavra, que era eterno!... Então, no excesso da minha alegria delirante, exclamei: ó Jesus, meu amor…a minha vocação, encontrei-a finalmente, a minha vocação, é o amor!... Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, e este lugar, ó meu Deus, fostes Vós quem mo deu…no coração da Igreja, minha Mãe, serei o amor…assim serei tudo…assim será realizado o meu sonho!"
(Santa Terezinha do Menino Jesus)
Sem. Rodolfo Marinho de Sousa
Oração Vocacional pelos jovens
(Beato João Paulo II)
Jesus, Filho de Deus,
em quem habita toda a plenitude da divindade,
Vós chamais todos os batizados a "fazerem-se ao largo",
percorrendo o caminho da santidade.
Despertai no coração dos jovens
o desejo de serem no mundo de hoje
testemunhas da força do Vosso amor.
Enchei-os do Vosso Espírito de fortaleza e de prudência
para que sejam capazes descobrir
a verdade plena sobre si
e sobre a sua própria vocação.
Ó nosso Salvador, enviado pelo Pai
para nos revelar o seu amor misericordioso,
concedei à vossa Igreja
o dom de jovens prontos a fazerem-se ao largo
para serem entre os irmãos uma manifestação
da Vossa presença salvífica e renovadora.
Virgem Santa, Mãe do Redentor,
guia segura no caminho para Deus e para o próximo,
Vós que guardastes as suas palavras no íntimo do coração,
protegei com a Vossa intercessão materna
as famílias e as comunidades eclesiais,
para que estas saibam ajudar os adolescentes e os jovens
a responder com generosidade ao chamamento do Senhor.
Amém.
