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domingo, 9 de janeiro de 2011

O toque que cura

A lepra era, na Antigüidade, fator de cruel exclusão. Confundida às vezes com o bolor, mofo ou alguma mancha da pele, rele­gava quem a tivesse à segregação social (para pessoas) ou à des­truição (para objetos ou coisas).
No Antigo Testamento, a situa­ção não é diferente (cf. Lv 13-14). Leproso é impuro e, por isso, deve viver longe do convívio humano, gritando a quem se aproxima a sua condição de pessoa impura e fonte de contaminação, pois aquele que tocasse um impuro, impuro se tor­naria. No princípio, uma lei que evi­tava o contágio - assim se acreditava. Depois, expressão do des-compromisso para com o doente, fator de exclusão, lei que sufoca o amor.
Tanto Jesus quanto o doente vio­lam a lei. Este, em vez de gritar sua condição, se aproxima e pro­fessa sua fé no poder de cura que Jesus possui. E o Senhor, que­brando o tabu e transgredindo a lei, cura-o, tocando-o. O toque é tão terapêutico quanto às pala­vras. Jesus podia curar esse ho­mem sem tocar nele, mas não o fez, e assim demonstra que o pre­conceito é tão doentio quanto a lepra.
Algumas traduções importantes da Bíblia (por exemplo, a atual Bí­blia de Jerusalém) lêem "irritou-se" em lugar de "compadeceu-se". Se há algo que desagrada e irrita Je­sus é o preconceito e a falta de carinho para com os portadores de doenças graves. O toque e o cari­nho são a medicina do coração.
Jesus não teme ocupar o posto daquele que estivera doente e ex­cluído, permanecendo em lugares desertos.
E nós, somos daqueles que põem o amor acima da lei? O que é mais forte em nós: o preconcei­to ou a compaixão? O que, hoje, deixa Jesus irritado?

Pé. José Bortolini, ssp

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