"Senhor, tua Palavra é luz no meu caminho e lâmpada para os meus pés! Creio que por meio da tua Palavra o Universo se formou; Creio que por meio da Tua Palavra a terra se firmou; Creio que Tua Palavra, o Verbo Eterno, se encarnou em nosso meio: Jesus, és a Palavra Viva de Deus Pai, Palavra que permanece viva em nosso meio, e continua a ser inspirada e renovada pelo Santo Espírito. Tudo pode passar, as ervas podem secar, as folhas podem cair, o céu e a terra passar, mas, tua Palavra meu Deus, jamais passará. E enquanto eu viver quero emprestar minha voz a Ti para que continueis falando ao coração dos homens e mulheres deste tempo! Fala-me Senhor, fala em mim Senhor, fala por mim Senhor!"

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Um Pastor Apaixonado

1. “Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre? Se ela esquecer, eu, porém, não me esquecerei de ti”. (Is 49,15). Esta é uma resposta apaixonada de Deus a seu povo, um sinal da obra do seu amor.
Esta palavra de Deus posta na boca do profeta Isaias se dá em um momento em que o Povo de Israel está retornando à Pátria e Jerusalém está sendo reconstruída. Neste contexto, o Profeta Isaias nos apresenta Deus não como o criador onipotente, o soberano absoluto do mundo, a realizar sua vontade em todas as circunstâncias, mas como um “apaixonado” que tem as mãos tatuadas com a imagem da pessoa amada, a fim de tê-la sempre presente, a trazendo dentro de si, com amor superior ao próprio amor materno. O convite é para que o povo desperte para o amor de Deus, um Deus apaixonado.
O amor infinito de Deus agirá e há um tempo particular no qual Ele decide intervir. Uma intervenção de providência, mas, sobretudo, de amor.

2. Israel é um povo separado, um povo especial, um povo que se distingue de outros povos, não porque receba mais do que os outros povos em relação aos bens da terra, mas porque é um povo eleito, eleito por Deus, separado por Ele para si. Israel não deixa de ser a “terra prometida”, e repete na sua experiência de vida a experiência de ser o guarda dessa promessa através de gerações.
As profecias à cerca desta realidade são longas; de fato, os bens prometidos a Israel demoram a chegar e às vezes parece que Deus está fazendo certa “zombaria” do seu povo. Porém, estes bens prometidos a Israel, segue uma dinâmica semelhante ao trato de um pastor de ovelhas com o seu rebanho.

3. Ovelhas gostam de sal. Quem dá o sal é o pastor. Ele usa este meio para trazer as ovelhas consigo, para criar laços de afeto e confiança, de modo que as ovelhas o sigam até o pasto. Se o sal cessa, as ovelhas se perdem. Em resumo, elas não são nada, sem o pastor. Ai delas se o pastor se desinteressar pelo rebanho, se não lhes der mais sal.
O Senhor é o pastor de Israel. Ele concede progressivamente bens a seu povo, de modo a tê-lo consigo. Ele não esquece o seu rebanho e nem deixa o “sal” acabar. Ele não se esquece, Ele está perto. Ele tira Israel de sua tranquilidade para depois caminhar à sua frente. Ao seguir o Senhor, Israel vê seu próprio caminho e se torna livre.

4. A segurança de Israel está no seu Pastor. A nossa segurança, enquanto membros do Povo de Deus, igualmente eleito, também está Nele, nosso Pastor e Guia. Encontramos a imagem deste Deus apaixonado em Jesus, o Salvador. De fato, Ele nos amou tanto que nos deu seu Filho amado, é o que lemos na Escritura, e em Jesus vemos a Imagem do Pai, sua ação e vida.

5. Nos versículos 17ss do capítulo 5 do evangelho de João, encontramos a resposta de Jesus a este respeito: “Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho” (Jo 5,17).
Os judeus entendem esta fala de Jesus como uma afirmação de sua semelhança com Deus (e de fato, o é), suscitando-lhes raiva e o desejo de matá-lo, ainda mais porque Jesus havia violado a lei do sábado ao curar o paralitico na piscina de Betesda (Cf. Jo 5,1-16).
Jesus prossegue na sua resposta, longa inclusive, na qual expõe três temas:
·        A dependencia de Jesus do Pai nas obras, milagres, juízo e vontade (Jo 5,19-20.30);
·        Sua Igualdade com o Pai, expressa no vivificar e julgar e no receber a mesma honra que o Pai (Jo 5,21-24);
·        Escatologia presente e futura (Jo 5,24-28).
Esta realidade da nossa fé está presente no credo que professamos, na versão niceno-constantinopolitana: “Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai”.
Portanto, a obra de Jesus é obra do Pai; o milagre de Jesus é milagre do Pai. Jesus se revela assim na sua igualdade com o Pai.

6. Encontramos nesta página do Evangelho dois pontos que são essenciais para entendermos este mistério de Jesus e o Pai: O poder de ressuscitar os mortos e o de julgar todos os homens.
O poder de ressuscitar os mortos, segundo o Primeiro Testamento é prerrogativa exclusiva do Pai (Dt 32,2-9; 2 Rs 5,7; Tb 13,2), que o exerce livremente e a seu critério. Este mesmo poder foi dado ao Filho, pois ele ressuscita o filho da viúva de Naim, a filha de Jairo e seu amigo Lázaro.
O pode de julgar todos os homens, deriva do primeiro: tendo o Filho o poder sobre a vida e a morte dos homens, tem necessariamente o poder de dirigir o curso de suas vidas e sancionar suas obras com um destino eterno de felicidade ou condenação.

7. Pois bem, se o Pai é Pastor, o Filho também é.
O Filho é a Palavra do Pai encarnada em nosso meio. O Pastor chama as ovelhas e elas escutam a sua voz. Assim, a Palavra que Jesus Pastor diz é que dá a vida eterna às suas ovelhas que o ouvirem. Quem ouve a Palavra de Jesus, se abre a um processo onde se opera uma verdadeira “ressurreição”, da qual a ressurreição final não é mais que desenvolvimento e manifestação.
Confiemos em Deus e nas suas promessas. Deixemo-nos guiar pelo Pastor de nossas almas e provemos de sua fidelidade e providência, mesmo que pareça que o “sal” não nos chegará mais.


São Paulo, 02 de Abril de 2014
Quarta feira da 4a. Semana da Quaresma

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